Imagem: Stock Car.
A atuação de Thiago Camilo na Stock Car em 2020 foi tão marcante que acabou ofuscando o resultado final do Campeonato.
São muito raras as ocasiões em
que o maior destaque de um campeonato, ao meu ver, não tenha sido o Campeão.
Isso de maneira nenhuma diminui a importância do tricampeonato de Ricardo
Mauricio, conquistado na pista e pela competência do piloto e do time Eurofarma
RC.
É justamente aí que entra o conceito
do “Piloto Alfa”, aquele que mesmo não vencendo um campeonato, é capaz de se
destacar com atuações marcantes dentro e fora das pistas.
Opinião Regii
Silva:
Em primeiro lugar, devo deixar
bem claro que não nutro nenhuma “amizade” com Thiago Camilo, inclusive, estou um
pouco triste com ele, pois combinou comigo uma entrevista via WhatsApp a meses
e simplesmente não me respondeu mais. Então, tendo esclarecido que nosso
contato não tem sido nem ao menos profissional, me sinto leve para continuar.
Boa parte dos meus leitores sabem
do lançamento do meu livro o “Manual do Piloto Alfa” e até para exemplificar o
significado do “Alfa” abordado no livro, resolvi buscar no ano de 2020, um
personagem que tivesse demonstrado, da melhor maneira, as características das
quais descrevo no livro. Nada melhor que buscar na maior categoria do nosso
automobilismo e onde se concentram os maiores talentos deste esporte, a Stock
Car.
Em minha avaliação não consegui
encontrar outro nome além de Thiago Camilo e descreverei os motivos que me
levaram a esta conclusão:
Thiago Camilo finalizou a
temporada de 2019 sendo o maior vencedor daquele ano, com 6 vitórias, 6 poles e
largando 9 vezes na primeira fila. Alguns dirão que mesmo com estes números ele
não conquistou o título, a estes eu respondo, o Piloto Alfa não domina todas as
forças da natureza, em outras palavras, ele fez com excelência o que estava ao
seu alcance.
Em 2020, Camilo novamente foi o
maior vencedor da temporada, desta vez com 3 vitorias e 3 poles, porém, numa
temporada que foi a mais disputada dos últimos anos da categoria. O fato de
chegar à última etapa como líder também diz muita coisa.
Se mais uma vez o título foi
adiado, isso se deve a uma quebra no câmbio durante a Qualificação, repito, o
fator quebra, foge totalmente do controle do piloto por melhor que este possa
ser.
Mas um Alfa se mostra também fora
do carro, e Thiago nunca se esquivou de mostrar suas opiniões, seja por um
regulamento, que entendemos ser “emergencial” em tempos de pandemia, mas que
acabou punindo a competência com o lastro de sucesso, e premiando a incompetência
com os descartes de resultados. (Esta é minha opinião), mas Thiago não deixou
de lamentar que tal regulamento o tenha sim prejudicado na temporada. Isto se
chama “se posicionar” coisa que Camilo sempre soube fazer e sempre de forma
cavalheiresca.
Porém, nem sua atuação quase
perfeita como piloto, nem sua capacidade de defender seu ponto de vista, muito
menos seu conhecido preparo mental e físico, falaram mais alto em 2020 do que
seu coração, seu caráter e sua criação. (Méritos aqui para Bel e Mari Camilo,
seus pais).
Em 2020, Thiago Camilo
protagonizou uma das cenas mais impactantes do esporte no ano, e a mais
emocionante de toda a história da Stock Car, quando cedeu seu primeiro lugar no
pódio em Curitiba, para as filhas do saudoso Amadeu Rodrigues, Juliana e
Barbara, dias depois do falecimento do Chefe da Equipe Hot Car. Ser Alfa, é
saber que o valor de uma vida é infinitamente maior que qualquer espetáculo,
por tanto nenhuma outra cena da temporada, poderia ser mais importante que
aquela. Não houve naquele momento, ninguém no autódromo de Curitiba, cujo uma
lagrima não tenha escapado.
Em outros momentos em que os
resultados não foram os melhores, não foi raro ver o piloto reunindo sua equipe
e agradecendo um a um, ao mesmo tempo que transmitia força e garra para seus mecânicos.
Por sua qualidade técnica, por
sua concentração e preparo físico, por sua postura fora das pistas, e acima de
tudo por seu coração, Thiago Camilo foi o Piloto Alfa de 2020.
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