Pular para o conteúdo principal

Stock Car: Pacote de Ajustes apresentado é bom, mas não é o suficiente.



Analisando atentamente as “entrelinhas” das declarações de Carlos Col em suas últimas entrevistas, notamos um empenho em retornar o mais rápido possível, com segurança e a tentativa de entregar o número total de corridas do calendário original.

Opinião Regii Silva:

A Stock Car pretende iniciar a temporada 2020 já no início do mês Julho, a princípio a etapa que estava marcada para o dia 28 de junho, está sendo negociada para acontecer no dia 5 do mês seguinte. Serão 8 etapas com rodadas triplas, sendo uma corrida no sábado e a programação de costume no domingo. A corrida de sábado, segundo Col, teria seu grid de largada definido pelos treinos livres, não ficou muito claro, pois se é um treino que define o grid, automaticamente será encarado como um Quali.

A ideia é eficiente no que diz respeito a redução de custos, mantendo o número de corridas das 12 etapas do calendário original, porém, com uma logística bem menor, e entregando o mesmo pacote anterior.

Outra medida foi de, a princípio, manter a Corrida do Milhão, o que é positivo pois junto com a Corrida de Duplas e a Super Final, são as etapas com o maior retorno de mídia, porém, o cunho social que se pretende empregar é que eu particularmente não concordo, a Corrida do Milhão é a etapa em que há a maior entrega de Equipes e Pilotos na busca por esse “gás” extra que é o prêmio, num momento como o que vivemos um prêmio como esse para algumas equipes, pode significar a permanência na categoria no ano seguinte, além disso, ações de ajuda no combate ao corona vírus podem ser adotadas em todas as etapas, cumprindo assim um papel social, sem ter obrigatoriamente que se usar o prêmio tão cobiçado.

Um outro ponto abordado foi uma possível adoção de descartes na pontuação do campeonato, descarte nunca foi bom, só serve para punir a competência, existem vários casos de finais de campeonato em que o líder tem de descartar um de seus bons resultados e o vice descarta uma quebra ou corrida em que não pontuou. Ainda que possa parecer uma ideia para “ajudar” pilotos e equipes que tenham eventuais quebras a terem melhores chances de lutar, a realidade é que já sabemos que o campeonato será disputado por um grupo de quatro ou cinco equipes, as demais com ou sem descartes estarão em dificuldades este ano.

Uma ideia legal, que não é minha, é de um dos pilotos do grid, seria a adoção do sistema de Play off, sendo seis etapas com as mesmas três corridas propostas, os vencedores entrariam direto no play off a ser disputado nas duas últimas etapas, além dos vencedores, os melhores resultados formariam o grupo dos 15 pilotos a disputar a final, na hipótese improvável de haver 1 vencedor diferente em cada corrida, o play off seria entre todos os vencedores, isso incentivaria algumas equipes a focar em buscar a vitória em ao menos uma das corridas e com isso oferecer mais visibilidade aos patrocinadores ou até mantê-los até o final do ano, num período difícil como o que estamos atravessando, nem sempre se consegue manter o apoio por todas etapas, ainda menos se os resultados não vierem.

A exemplo do que hoje vejo acontecer em outros campeonatos mundo a fora, na Stock Car não pode ser diferente e algum apoio deve ser dado as equipes, algumas já sofrem a anos e muito provavelmente de três a cinco delas não sobreviverão a essa crise. Não vejo nenhuma medida sendo anunciada nesse sentido, nenhuma redução de taxas, nenhum ajuste anunciado em peças distribuídas pela JL, enfim, nenhuma medida concreta para se manter um número mínimo de carros no grid ao final deste ano.

Muita coisa deve mudar na Categoria, num futuro bem próximo não será mais admissível gastar 3 Milhões por temporada, até o ano passado ainda se tinha a visão de que, se estão pagando, é porque vale, mas na nova realidade que se apresenta, é preciso ter em mente que não existe justificativa para os valores médios aplicados, não será mais possível alugar um motor por 1/3 do valor de compra do mesmo, nem o melhor composto de borracha do mundo justifica o que hoje é pago num jogo de pneus, e por aí vai, desde uma porca de rodas ao salário do melhor engenheiro, tudo tem que ser revisto. É preciso lembrar que o automobilismo é feito com o dinheiro de patrocinadores e estes, salvo raríssimas exceções, terão uma crise para lidar nos próximos anos.

Além de tudo isso, é preciso ter em mente que só teremos realmente corridas, se a pandemia estiver controlada nos próximos 50 dias, aí já me bate uma outra dúvida, começar o campeonato num dos Estados mais atingidos pela pandemia seria a melhor solução? Os Estados do Sul, o Rio Grande do Sul, palco da segunda etapa e Curitiba, onde se estuda a volta para novembro, estão numa situação mais controlada do covid no momento. Obvio que existe todo um planejamento a ser feito, mas algo parecido já poderia estar sendo pensado, basta olhar os mapas de avanço do vírus no país.

Resumindo, que ninguém imagine que a Stock Car ou qualquer outra entidade ou empresa sairá intacta desta crise e mais do que pensar em realizar um campeonato ainda em 2020, é preciso pensar a longo prazo e reduzir ao máximo os efeitos que com certeza virão, e ver a categoria como um todo é a primeira medida, se hoje temos um número x de equipes, é preciso pensar em todas, não ver as menores como eventuais danos colaterais, as Federações e a Confederação também devem se esforçar em reduzir custos, as praças esportivas devem agir da mesma forma, e isto é só o começo, muita coisa precisa mudar agora, para que mais à frente a Categoria siga sendo o carro chefe do nosso automobilismo.

Comentários

  1. O problema da Stock Car, num geral, é que eles se acham a maior categoria do planeta.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Quanto Custa? Parte 1: Formula 1600, Formula Inter e Formula 3.

Qualquer piloto que ingresse no Kart, com raras exceções, tem como objetivo uma carreira no automobilismo, num primeiro momento não há piloto jovem ou pai de piloto que não tenha se imaginado, ou imaginado o filho, chegando a Formula 1. Lamento dizer, mas este sonho se torna cada vez mais difícil de alcançar e por muitos motivos. Um deles é a falta de planejamento e de alternativas que devem ser pensadas já no inicio da carreira no Kart.  Pais, managers e treinadores devem ter em mente e passar isso ao piloto, que embora o sonho seja a Formula 1, existem outras categorias espalhadas pelo mundo onde se pode ser profissional e viver de automobilismo, e mesmo seguindo com o sonho de chegar ao topo, existem etapas que devem ser respeitadas ainda dentro do automobilismo nacional a fim de ganhar experiência e progredir de maneira que cada degrau seja vencido rumo ao objetivo traçado. Nesta primeira parte, vamos mostrar algumas alternativas para quem pretende seguir carreira no automob

Piloto é Atleta?

Como sempre, um assunto é noticiado, o sensacionalismo é feito, a pseudo “imprensa” acompanha, porem pra cada fato novo, cada morte nas pistas, cada burrada da Confederação, é bem comum os “jornalistas” apontarem um fato, focarem no acontecido e bater na mesma tecla até aparecer outro fato. O difícil é ver alguém disposto a discutir fatos, dar soluções levantar questões. O assunto da ultima semana foi um novo caso de doping no Automobilismo, mais não parece estranho o próprio termo “doping no automobilismo”? Pouca gente sabe, e os sensacionalistas se “esquecem” de explicar que as leis anti-doping mundiais, as quais a FIA e CBA obedecem, foram criadas para impedir que “atletas”, pudessem levar vantagem em competições sobre outros “atletas”, através do uso de substancias que de alguma forma, aumentem a resistência ou potencia física. Atleta: 1 Pessoa dedicada a pratica de exercícios físicos; ginasta. 2 pessoa que pratica esportes, jogador; esportista. 3 pessoa robusta. (Dicionário Luf

William Starostik: suspenso por 30 dias.

O ultimo comunicado da CBA, convocando empresas para Promover o Campeonato de Caminhões causou tanto alvoroço que outro comunicado, este do STJD, acabou passando quase despercebido. Segue comunicado: O que me estranha em todos estes casos de doping, e não são poucos, é que as punições quase sempre vêm em períodos de recesso dos campeonatos ou em que o Piloto em questão não esta disputando campeonato algum. Chamam isto de afastamento preventivo, tudo bem, pode ser que estejam esperando a contraprova para realmente atestar uso de substância indevida. Mas e se a contraprova der negativo? Neste caso o piloto já foi exposto, porem e se realmente for atestado positivo. Já que os trinta dias de afastamento contam na pena principal, que pode ser de 1 a 12 meses. Digamos que a pena fosse de 1 mês de afastamento, então o piloto já a teria cumprido durante o afastamento preventivo certo? Aí eu pergunto; Tem campeonato Brasileiro de Marcas rolando durante estes trinta