As
mesmas grades que antes separavam os apaixonados das arquibancadas, dos ídolos e
das maquinas, nos últimos dias ressurgiram de forma virtual nas LIVES do
Instagram.
Opinião Regii Silva
Já faz mais de quinze anos daquela
minha luta para tentar aproximar o público dos carros e dos pilotos, textos,
manifestos, abaixo assinados, enfim, de lá para cá surgiram carreatas, passes
de visitação, sessões de autografo e com isto minimizou-se um pouco a distância.
Hoje, com as várias redes sociais,
o público, especialmente de automobilismo, tem acesso a intimidade dos seus ídolos
e a chance de acompanha-los, não apenas nas pistas, mas no seu dia a dia. Hoje é
possível, por exemplo, ver Rubens Barrichello pintar sua casa de branco, conhecer
o “quartinho da bagunça” de Tony Kanaan e passear pelas diversas casas de
Nelsinho Piquet, hoje o fã conhece a sala, o quarto, a cozinha e até o banheiro
do ídolo, porém, o “alambrado virtual” é fechado na hora das LIVES.
LIVE, palavra da moda em tempos
de reclusão, a pena em regime fechado imposta pelo Covid-19, fez surgir, mais
do que nunca, o fenômeno das LIVES, não que antes não existissem, mas hoje, é
praticamente a única maneira de saber como pilotos, equipes e categorias estão
passando por este momento e se preparando para quando o automobilismo voltar a
ser real.
Uma nova modalidade de LIVE é a
de convidar uma outra personalidade e conversarem ao vivo entre si, sim, entre
ambos, pois em raras exceções o público é chamado à participar, como meros
espectadores por traz dos “alambrados”, anônimos acenam, mandam joínha,
coraçãozinho, perguntas, sorrisos e todo tipos de reações virtuais, tudo para
chamar a atenção dos seus ídolos, e estes, como nos autódromos, conversam entre
si e com os “pares” que vez por outra visitam sua LIVE, basta ver um outro
piloto, do seu grupo, que reagem com cumprimentos, brincadeiras, convidam para
entrar no assunto. Outro dia vi o cumulo de um deles “desligar” o próprio companheiro
de LIVE, para adicionar outro piloto que talvez fosse render mais a conversa,
tudo isso do lado de dentro do “alambrado” e lá fora, nas arquibancadas
virtuais o público continuava acenando.
Como tudo tem um lado positivo,
alguns bons exemplos são dados, como o caso do Espanhol Fernando Alonso, que
tem feitos LIVES muito boas onde não deixa de falar de automobilismo, mas dá
muito enfoque à pandemia, e se mostra preocupado, chamando pessoas dos países mais
afetados da Europa, sempre mostrando preocupação inclusive falando no idioma
daquele país.
No Brasil, bons exemplos de como se
aproximar das pessoas, sem as quais, seu trabalho até existiria, mas não seria
aplaudido, vem de não muito longe do automobilismo, a atriz Marina Ruy Barbosa,
esposa do Piloto e Empresário Xandinho Negrão, cujo número de seguidores é
milhões de vezes maior que dos pilotos mais conhecidos, coloca anônimos para
fazer perguntas e conversar dentro de sua LIVE, e além de ter a oportunidade de
falar, ainda que por alguns segundos com seu ídolo, ainda aparecem para as
milhares de pessoas que acompanham ao vivo.
As redes sociais ainda são uma
novidade para muitos, entre estes, pilotos que só se renderam ao Instagram
nestes dias de isolamento social, a estes, gostaria de deixar algumas dicas;
1- Para conversas entre A e B (duas
pessoas), existe o telefone, o WhatsApp, Zoom e Skype.
2- Ao abrir uma LIVE, você está
convidando para sua casa, centenas de pessoas e é de uma profunda falta de
educação, dar atenção a apenas algumas delas, principalmente se optar em dar
atenção a pessoas de sua classe profissional, social ou cultural, pois,
diferente de quando você dá uma festa e convida quem quer, numa LIVE você está
chamando pessoas de todas as profissões, classes sociais e culturais.
3- Pessoas que acessam a LIVE de um
artista ou pessoa pública, faz isso na esperança de interagir com ela, pois
para simplesmente assistir, existe a televisão.
4- Numa LIVE em dupla, enquanto um
fala, o outro pode ir guardando o nome de duas ou três pessoas, e quando chegar
suas vez de falar, pode cumprimentar estas.
5- Um simples oi de um ídolo,
significa muito para um fã e não custa nada para quem dá.
6- Algumas pessoas usam nicknames no
Instagram, misturam letras, sinais e emojis para representar o próprio nome, a
estes, vocês podem ignorar, afinal, vocês são pilotos e não decifradores e hierógrifos.
Regras simples, questões de
educação que aprendemos com nossos pais, no meu caso, num tempo em que nem se
cogitava ter um computador em casa, e lembrem-se sempre que, os “alambrados” nos
autódromos são necessários, os virtuais não.
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