Pular para o conteúdo principal

O Automobilismo brasileiro pós pandemia.




Não é a primeira crise que enfrentaremos, mas pode ser a última.



Opinião Regii Silva

A frase acima foi para separar logo no início deste texto, quem realmente entende que atitudes devem ser tomadas, daqueles que simplesmente imaginam que num passe de mágica, pós pandemia, tudo retornará ao que era. Este segundo grupo, peço que parem de ler agora.  

Antes de mais nada, deixa eu dizer uma coisa, é obvio que sei, e todos sabemos que estamos diante de um dos momentos mais temerários da história mundial, não pelo fato do Covid-19 ser um vírus com altas taxas de mortalidade, o que não é, mas sim pela capacidade devastadora que ele tem de desestruturar o sistema de saúde de países bem mais estruturados que o nosso e os efeitos que pode causar na economia mundial, porém, este aqui é um canal que trata de automobilismo, e antes que possam imaginar que é tempo de pensar em coisas “mais importantes” que o esporte, acho sim que é justamente esse o momento de tratar de automobilismo.

O Regii que vocês conhecem pouco, este com dois (i), motivo e riso e exclamações de alguns quando é escrito por vocês, o Reginaldo, é Empresário do ramo de serviços, minha empresa presta serviços para o setor hoteleiro, setor que bem antes de provas de automobilismo serem canceladas, já estava em frangalhos, enquanto a crise estava lá fora ainda, além de ter vários negócios fechados cancelados a uns 15 dias, estou impedido de sair de meu estado, o Paraná, que proibiu viagens terrestres e aeras interestaduais para voltar a Goiás concluir o único em aberto para obter receita. Eu também tenho pais, com 70 e 75 anos, para pensar e ajudar a proteger, eu tenho filhos jovens para orientar, tenho esposa, como a maioria de vocês, e mesmo com tudo isso, no dia 16 de março, tirei dez minutos, e convidei via WhatsApp algumas pessoas para discutir o futuro do automobilismo.

Vejam, eu não vivo de automobilismo, nada que faço relacionado ao automobilismo me rende um centavo, pelo contrário, quando me veem dentro de um autódromo, em qualquer que seja a cidade, estou ali por conta própria, sou tão ocupado quanto qualquer um, no meu dia a dia, e nos finais de semana estou lá. Além de não ganhar nada, já ajudei muita gente do meio a ganhar ou economizar dinheiro, isso mesmo, já ajudei muita gente publicando textos e ajudei mais ainda ao não publicar, houve briga de equipe com organizador por espaço em autódromo onde um texto meu não veio à tona mas a parte interessada economizou dezenas de milhares de reais, houve esquemas que deixei de denunciar cuja equipe pode se manter por algumas etapas com centenas de milhares de reais, isso só para ilustrar, e o meu intuito foi sempre o automobilismo, que está acima de qualquer ego, acima de qualquer “furo” jornalístico, sempre com 0% de lucro e 100% de dedicação.

Mas voltando ao dia 16 de Março, minha proposta era muito simples, vamos pensar agora, uma forma de sair dessa, não vamos esperar 2021 chegar e pagar por mais uma vez nos omitirmos, naquele dia, o Ministro da Economia acabara de se pronunciar com as primeiras medidas para que Empresas e empregados não sentissem tanto a crise iminente, Industria, Comercio, Construção Civil, Micro Empreendedores, Autônomos, enfim, todas as classes, e dentre elas nenhum esportista, mas como já disse, o assunto aqui é automobilismo, então cada um que reclame o seu.
Prevendo que fatalmente os efeitos da crise nas empresas serão amortizados, parte pela ajuda do governo, parte na redução de investimentos futuros, corte de ações de Marketing e Patrocínio, não precisa ser nenhum Paulo Guedes pra saber que 2021 e 2022 serão anos ainda mais difíceis para a captação de recursos, mais do que dos últimos dois anos, mais que os anos de Olimpíadas e Copa do Mundo no Brasil.

Meu pedido aos procurados, e eles sabem bem, foi que, tentassem prever o que uma paralização do automobilismo brasileiro poderia acarretar para categorias, equipes, pilotos, fotógrafos e outros tantos que vivem profissionalmente de automobilismo. Imaginei que, como em muitas outras matérias, seria atendido prontamente e que a exemplo de outras ocasiões discutiríamos o Automobilismo.

Não sei se por omissão, pura e simples, ou por se tratar de um caso excepcional de saúde global, e com isso um certo receio de se posicionar em causa própria, o fato é que governos pensam a pandemia e a economia, empresas brigam ferozmente por estarem envolvidas em um legitimo caso de “força maior”, empregados lutam por seus empregos, mas o automobilismo, este parece se sentir incomodado em pensar no seu “negocio”. Negócio que fez com que a maior categoria mundial, levasse um evento as últimas consequências antes do cancelamento, o mesmo vimos replicados no Brasil, aguardando que governos tomassem a iniciativa de impedir que acontecessem, e depois, adiassem dizendo que era em nome da saúde e do bem-estar de todos. Negócio que fez com que contra todas as recomendações se realizasse uma corrida em Interlagos, com portões fechados para o público, mas com um número “limitadíssimo” de 500 pessoas no Paddock, quando a recomendação para aglomerações de pessoa era de no máximo 100.

A Porsche Cup pagou as contas da primeira etapa, e as demais? Receberão parcelas dos Patrocinadores sem haver corridas? Pagarão mecânicos, engenheiros, aluguel de cedes? Receberão algum tipo incentivo governamental? Conseguirão brigar por contratos quebrados por motivos de “força maior”? Pilotos que recebem “salário”, receberão sem correr?

Pelo jeito a resposta para todas as perguntas acima é SIM, por que ninguém, absolutamente ninguém respondeu o que foi perguntado em minha mensagem, alguns até se manifestaram dizendo não saber, ou preferindo não comentar.

Dentre os fotógrafos, um dos melhores, respondeu, disse ser esta sua única atividade e disse ser o automobilismo o responsável por 90% dos seus trabalhos, disse já estar sendo punido antes do vírus, pelos calendários com corridas importantes na mesma data, tendo de optar por uma e perder a receita de outra, disse ter uma pequena reserva financeira, suficiente para no máximo um mês, depois, só Deus sabe.
O problema desse fotografo é dele, pois vive na pele, é meu, pois a partir do momento que o ouvi penso numa forma de tentar ajudar, mas para por aí, não é de mais ninguém, a culpa é do vírus, e o vírus é “motivo de força maior”.

Aos que não me responderam, e tenho amigos entre estes, eu só desejo que mesmo em silêncio, estejam pensando em algo, como a ideia que dei, de se fazer uma corrida virtual de Stock Car, Copa Truck e outros, com os pilotos de verdade, carros com a logo do patrocinador, quem sabe até com espaço no Sportv que já é aberto para games.

Espero que todos cumpram quarentena contra o vírus, parem tudo, menos seus cérebros, não precisam me responder, me ignorem, mas conversem entre vocês. Meus dez minutos para tentar fazer algo pelo automobilismo, ainda que fosse chama-los a ter ideias, ou simplesmente reclamar da situação, praguejar contra o vírus, sei lá, estes dez minutos do meu tempo, com pandemia, empresa quebrando, preocupado com a família, eu tirei.

Agora me recolho em quarentena, não contra o vírus, mas contra o “cada um por si” chamado Automobilismo Brasileiro.

P.S Malandra mesmo foi a CBA, que após todas as primeiras corridas, de todas as categorias, terem sido canceladas ou adiadas, soltou uma nota suspendendo as mesmas.             

Comentários

  1. Parabéns por tudo que colocou aqui. Ainda se isso tudo não bastasse estamos vivendo aqui em SC momentos de dúvidas quanto à credibilidade de nossos administradores. Vamos nos reerguer de tudo isso... mas serão duras as penas para os profissionais e público envolvido.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não é um "privilégio" apenas de SC amigo, é geral, Confederação e Federações preocupadas apenas em arrecadar, a ajuda que dão é para as grandes competições que não deveriam precisar, estimulam o Kartismo, que não é errado, mas não incentivam a criação de outros degraus para os mesmos.

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Quanto Custa? Parte 1: Formula 1600, Formula Inter e Formula 3.

Qualquer piloto que ingresse no Kart, com raras exceções, tem como objetivo uma carreira no automobilismo, num primeiro momento não há piloto jovem ou pai de piloto que não tenha se imaginado, ou imaginado o filho, chegando a Formula 1. Lamento dizer, mas este sonho se torna cada vez mais difícil de alcançar e por muitos motivos. Um deles é a falta de planejamento e de alternativas que devem ser pensadas já no inicio da carreira no Kart.  Pais, managers e treinadores devem ter em mente e passar isso ao piloto, que embora o sonho seja a Formula 1, existem outras categorias espalhadas pelo mundo onde se pode ser profissional e viver de automobilismo, e mesmo seguindo com o sonho de chegar ao topo, existem etapas que devem ser respeitadas ainda dentro do automobilismo nacional a fim de ganhar experiência e progredir de maneira que cada degrau seja vencido rumo ao objetivo traçado. Nesta primeira parte, vamos mostrar algumas alternativas para quem pretende seguir carreira no automob

Piloto é Atleta?

Como sempre, um assunto é noticiado, o sensacionalismo é feito, a pseudo “imprensa” acompanha, porem pra cada fato novo, cada morte nas pistas, cada burrada da Confederação, é bem comum os “jornalistas” apontarem um fato, focarem no acontecido e bater na mesma tecla até aparecer outro fato. O difícil é ver alguém disposto a discutir fatos, dar soluções levantar questões. O assunto da ultima semana foi um novo caso de doping no Automobilismo, mais não parece estranho o próprio termo “doping no automobilismo”? Pouca gente sabe, e os sensacionalistas se “esquecem” de explicar que as leis anti-doping mundiais, as quais a FIA e CBA obedecem, foram criadas para impedir que “atletas”, pudessem levar vantagem em competições sobre outros “atletas”, através do uso de substancias que de alguma forma, aumentem a resistência ou potencia física. Atleta: 1 Pessoa dedicada a pratica de exercícios físicos; ginasta. 2 pessoa que pratica esportes, jogador; esportista. 3 pessoa robusta. (Dicionário Luf

William Starostik: suspenso por 30 dias.

O ultimo comunicado da CBA, convocando empresas para Promover o Campeonato de Caminhões causou tanto alvoroço que outro comunicado, este do STJD, acabou passando quase despercebido. Segue comunicado: O que me estranha em todos estes casos de doping, e não são poucos, é que as punições quase sempre vêm em períodos de recesso dos campeonatos ou em que o Piloto em questão não esta disputando campeonato algum. Chamam isto de afastamento preventivo, tudo bem, pode ser que estejam esperando a contraprova para realmente atestar uso de substância indevida. Mas e se a contraprova der negativo? Neste caso o piloto já foi exposto, porem e se realmente for atestado positivo. Já que os trinta dias de afastamento contam na pena principal, que pode ser de 1 a 12 meses. Digamos que a pena fosse de 1 mês de afastamento, então o piloto já a teria cumprido durante o afastamento preventivo certo? Aí eu pergunto; Tem campeonato Brasileiro de Marcas rolando durante estes trinta