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O que o Hexa de Hamilton pode nos ensinar?

                                                              





Prestes a se tornar o maior da história em números, o piloto Inglês é o resultado final de uma receita infalível, receita esta, cujos ingredientes estão em falta no Brasil.



Opinião Regii Silva:




Talento nato, qualquer pessoa que entenda um mínimo sobre automobilismo, hoje, consegue enxergar isso em Lewis Hamilton, mas hoje é fácil. Talento nato, aptidão para desenvolver alguma atividade, seja ela esportiva ou não, não é algo assim tão simples de se identificar, quando se trata de automobilismo, se torna ainda mais complicado.


Não vou tecer aqui, nenhum comentário a respeito do enorme abismo existente entre nossa realidade e a existente lá fora, nem reclamar de custos, falta de apoio e tantas outras diferenças gritantes entre a realidade do nosso automobilismo e o praticado lá fora.

A questão é cultural, Lewis foi preparado desde criança não para ser campeão, ou bi, tri, etc. Hamilton foi preparado justamente para não ter um limite, entenda, lá fora, embora cultuem ídolos como aqui, esses ídolos são muitas vezes encarados como metas a serem atingidas ou ultrapassadas, e nem por isso, com isso, estarão desmerecendo estes ídolos, pelo contrario, entendem estar homenageando estas figuras importantes, seja qual for a atividade que exerçam.

Por aqui, continuamos aplicando a “cultura” de que tudo é muito difícil, tudo é quase impossível, a Formula 1 é quase inalcançável, titulo brasileiro na Formula 1 na próxima década é impossível, ninguém será como Senna, jamais haverá outro, e assim seguimos desencorajando qualquer piloto, pai de piloto ou apoiador, a investir tempo, dinheiro e comprometimento em algo inalcançável.

Hamilton chegou ao Hexa respeitando o Tri de Senna, seu ídolo, o Tetra de Prost, o Penta de Fangio, tem como meta o Hepta de Schumacher e o céu é o limite, pois foi forjado e moldado sem limites, e ele não é o único, Vettel, Verstappen, Lecerc ou Norris, em comum, sobra auto-confiança, preparação nas academias das principais equipes, e o desejo de vencer.

Quando cogitamos a presença de um piloto Brasileiro na Formula 1, já o imaginamos em uma equipe inexpressiva, do meio para o final do grid. Quando os imaginamos em uma equipe de ponta, automaticamente os vemos em condições parecidas com as vividas por Rubens, Felipe e até Nelsinho, tendo de se submeter a situações incompatíveis com as de um campeão. Não me cabe julgar, certo ou errado, não importa, o que realmente importa é que hoje numa pista de Kart no Brasil, se questionados, ninguém quer seguir os passos destes três mencionados.

Ao passo que Hamilton permeou sua carreira, tendo um de nossos pilotos como ídolo e meta, no Brasil, ninguém quer ser, mais um que chegou a Formula 1, e saiu sem sequer pontuar, mas culturalmente, ninguém tem o direito de ser como Senna, essa permissão não é dada, não é dada pela mídia, não é dada por quem o viu nas pistas ou sequer pelos “torcedores de VHS”. Então quando perguntados, os meninos querem ser Hamilton, querem ser Vettel e outros menos proibitivos.

Aqui, Piquet é lembrado como o fanfarrão, Emerson ocupa noticiários em horário nobre acusado de “calote”, aqui a Copersucar F1, com pódios na categoria máxima do automobilismo mundial é motivo de piada, ao passo que lá fora, os nossos ídolos e os deles são reverenciados, cultuados.
Não foi por acaso que Hamilton, dias atrás se tornou o segundo piloto da historia da Formula 1 a conseguir seis títulos mundiais, e também não é acaso, seu desejo de ser 7, 8 ou 9 vezes, é cultural, é saber desde de criança que sim, ele poderia ser, ser o que quisesse, sem limites.

Cultura, essa é a diferença, e cultura não se muda da noite para o dia, o complexo de inferioridade, hoje impera nosso esporte a motor, pelo menos no que diz respeito a Formula 1, enquanto a enxergarmos como algo inalcançável, inatingível, mais e mais aplaudiremos a competência estrangeira, seguiremos vendo hepta, octa, nona, deca, e pregando para nossos jovens que ninguém será Tri como Senna, nem Piquet, que também é Tri, mas o Tri de Piquet, não é tão Tri assim.

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