Pular para o conteúdo principal

Stock Car: A atitude de Antonio Pizzonia.


O acidente envolvendo Antonio Pizzonia e Lucas Foresti em Nova Santa Rita no Velopark poderia ter sido fatal, e seria mais um de uma era da Stock Car em que, sob o pretexto de ser a maior categoria do nosso automobilismo, acabou impondo as Equipes e Pilotos um equipamento falho. 

Não estou aqui com isto, defendendo a atitude de Antonio Pizzonia, que ao tentar sair de uma situação de perigo, acabou arriscando a própria vida e a integridade física de qualquer um que viesse atrás, neste caso a de Lucas Foresti.

A atitude de desespero de Pizzonia não é aceitável, mas é compreensível, qualquer um que já tenha entrado em um carro da Stock Car vai entender. A posição do piloto é extremamente vulnerável em uma colisão em “T”, e mais, a visibilidade lateral simplesmente não existe, primeiro pelo fato do piloto estar sentado praticamente onde seria o banco traseiro de um carro de passeio comum, a carenagem do carro cobre totalmente a visão do piloto, não fosse isso, seria o banco, que embora seguro, possui abas na lateral, na posição da cabeça do piloto e mesmo que a lateral toda do carro fosse transparente o próprio banco já impediria esta visão.

A ação de Pizzonia foi errada, mas compreensível sob o ponto de vista da sobrevivência. Imagine-se naquela situação; Final da reta, seu carro no meio da pista em posição de “T” em relação aos demais carros que chegam ao final da reta com o push acionado e mesmo freando ao final da reta ainda contornam a primeira perna do “S” sem visão nenhuma e se deparam com o carro de Pizzonia de lado na pista. Dentro do carro, sem enxergar absolutamente nada o dilema é o seguinte; Fico aqui esperando alguém bater em mim? Ou saio mudando a posição desfavorável do carro, mesmo provocando uma batida, mas com o carro já em outra posição?

Embora os manuais mais básicos da pilotagem indiquem que o piloto deveria ficar parado naquela posição até que o resgate fosse acionado, com bandeira amarela e a entrada do Safety Car, embora estejamos falando de um Piloto experiente, de nível de Formula 1, eu não ouso julgar ninguém que esteja nesta situação.

Penso sim que quando acontecem acidentes, geralmente os fatais, como foi o caso que vitimou Gustavo Sondermann, e que na época a atitude tomada foi construir aquela aberração na curva do café em Interlagos, algumas tentativas de buscar mais segurança são feitas, porem os carros continuam com a mesma deficiência de impacto lateral, ao tentar corrigir isso, tornaram a visão do piloto ainda mais limitada.

Não vamos tapar o sol com a peneira, detesto estes trocadilhos, mas aqui cabe, com o valor pago nestes carros, da para comprar um blindado do Exercito, é obvio que a construção dos carros visa à segurança, mas não se pode com isso criar uma sensação de insegurança e diria até uma sensação de eminência de morte num piloto a ponto de tomar a mesma atitude infeliz de Antonio Pizzonia.
Antes que comecem a buscar defeito na curva dois do Velopark eu sugiro que comecem a olhar com mais cuidado para o próprio equipamento da Stock Car, como alias fizeram após o acidente fatal em Interlagos.

O saldo de tudo isso acabou ficando barato com apenas luxações em ambos os pilotos, mas poderíamos aqui estar discutindo mais uma morte, o bode expiatório seria Pizzonia, e os caríssimos carros de plástico sem janelas estariam isentos de qualquer responsabilidade.

Automobilismo é esporte de risco, sim, mas o risco pode ser calculado, pode ser seguro sem cegar o piloto, basta usar o mesmo jargão da maior categoria do automobilismo brasileiro, para a mais segura do automobilismo, e se lembrar de que faturar é importante, mas também é importante investir para se manter no topo.

Estamos falando de vidas, e quando uma única vida é posta em risco, até mesmo a maior categoria do automobilismo brasileiro se torna menos importante.


Postagens mais visitadas deste blog

Quanto Custa? Parte 1: Formula 1600, Formula Inter e Formula 3.

Qualquer piloto que ingresse no Kart, com raras exceções, tem como objetivo uma carreira no automobilismo, num primeiro momento não há piloto jovem ou pai de piloto que não tenha se imaginado, ou imaginado o filho, chegando a Formula 1. Lamento dizer, mas este sonho se torna cada vez mais difícil de alcançar e por muitos motivos. Um deles é a falta de planejamento e de alternativas que devem ser pensadas já no inicio da carreira no Kart.  Pais, managers e treinadores devem ter em mente e passar isso ao piloto, que embora o sonho seja a Formula 1, existem outras categorias espalhadas pelo mundo onde se pode ser profissional e viver de automobilismo, e mesmo seguindo com o sonho de chegar ao topo, existem etapas que devem ser respeitadas ainda dentro do automobilismo nacional a fim de ganhar experiência e progredir de maneira que cada degrau seja vencido rumo ao objetivo traçado. Nesta primeira parte, vamos mostrar algumas alternativas para quem pretende seguir carreira no automob

Piloto é Atleta?

Como sempre, um assunto é noticiado, o sensacionalismo é feito, a pseudo “imprensa” acompanha, porem pra cada fato novo, cada morte nas pistas, cada burrada da Confederação, é bem comum os “jornalistas” apontarem um fato, focarem no acontecido e bater na mesma tecla até aparecer outro fato. O difícil é ver alguém disposto a discutir fatos, dar soluções levantar questões. O assunto da ultima semana foi um novo caso de doping no Automobilismo, mais não parece estranho o próprio termo “doping no automobilismo”? Pouca gente sabe, e os sensacionalistas se “esquecem” de explicar que as leis anti-doping mundiais, as quais a FIA e CBA obedecem, foram criadas para impedir que “atletas”, pudessem levar vantagem em competições sobre outros “atletas”, através do uso de substancias que de alguma forma, aumentem a resistência ou potencia física. Atleta: 1 Pessoa dedicada a pratica de exercícios físicos; ginasta. 2 pessoa que pratica esportes, jogador; esportista. 3 pessoa robusta. (Dicionário Luf

William Starostik: suspenso por 30 dias.

O ultimo comunicado da CBA, convocando empresas para Promover o Campeonato de Caminhões causou tanto alvoroço que outro comunicado, este do STJD, acabou passando quase despercebido. Segue comunicado: O que me estranha em todos estes casos de doping, e não são poucos, é que as punições quase sempre vêm em períodos de recesso dos campeonatos ou em que o Piloto em questão não esta disputando campeonato algum. Chamam isto de afastamento preventivo, tudo bem, pode ser que estejam esperando a contraprova para realmente atestar uso de substância indevida. Mas e se a contraprova der negativo? Neste caso o piloto já foi exposto, porem e se realmente for atestado positivo. Já que os trinta dias de afastamento contam na pena principal, que pode ser de 1 a 12 meses. Digamos que a pena fosse de 1 mês de afastamento, então o piloto já a teria cumprido durante o afastamento preventivo certo? Aí eu pergunto; Tem campeonato Brasileiro de Marcas rolando durante estes trinta