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Automobilismo na visão de Thiago Marques


No meu ponto de vista, acho que o principal desenvolvimento que a gente poderia ter, seriam leis de incentivo governamentais, não acho que deva partir especificamente da CBA, não culpo a CBA pelo insucesso do automobilismo. Eu acho que se o nosso país tivesse leis de incentivo, como tem na Argentina, as montadoras se envolverem com o automobilismo através de leis de incentivo, eu acho que este seria um grande passo, o maior passo para o automobilismo se desenvolver.

Kartódromos temos diversos pelo país, bons, médios e ruins, e até o Kartódromo ruim, por incrível que pareça, uma pista ruim pode ser um bom aprendizado, então na parte de base de Kart a gente esta bem apesar dos custos altos, o automobilismo desde a base é muito caro, você anda na rua e vê uma criança e pode pensar, de repente esse menino poderia ter o talento de um Ayrton Senna, mas isso a gente nunca vai saber, se ele teria capacidade de ser um piloto diferenciado ou não, porque a grande maioria não tem condições nem de gastar nem pra sentar num Kart in door, ao contrario da bola de futebol que o cara bate uma bolinha no colégio, de repente se destaca e já ganha uma bolsa no colégio, isso já abre portas pra fazer uma peneira em algum clube.

O automobilismo é um esporte caro desde o principio, não tem um incentivo do governo, que eu acho realmente que é onde deveria pegar, que viessem leis que realmente ajudassem.
Vamos falar de imprensa, a própria imprensa especializada em automobilismo, não joga junto com as categorias de base e as categorias menores. Quando tem uma categoria começando, o que mais se destaca são os problemas que possam ter, ninguém incentiva a melhorar, ninguém incentiva a fazer. A gente vê ano após ano, categorias que começam e terminam e quase sempre massacradas pela própria imprensa automobilística, por qualquer motivo viram uma piada, e isso acaba que não ajuda as menores categorias a evoluírem, alem disso, já tem a dificuldade da imprensa esportiva nacional ser 99% focada no futebol, e o outro 1% é dividido entre os outros esportes e a nossa imprensa ainda foca muito de forma negativa.

Eu não falo isso pela Sprint Race, a gente tem tido um apoio legal da imprensa e quem conhece realmente o meu produto, sabe o que fala, muitos tentaram lá no começo e você participou de perto disso, tentaram puxar para baixo e agora deve chorar a cada vez que lê uma noticia a favor, a gente esta indo pro sexto ano da categoria, não digo que seja um sucesso financeiro como negócio, mas é uma categoria que se sustenta muito bem.
Vamos falar da Stock Car, que é a maior categoria do nosso automobilismo, em 2008 eram uns 50 carros no grid, a Rede Globo transmitindo ao vivo todas as etapas e custava 1,2 Milhões, hoje, tem o Sportv transmitindo, e só ai nos estamos falando em 10 pontos a menos de audiência, custando 3 Milhões para você ser competitivo, ou seja, 10 vezes menos de audiência, ou seja, menos visibilidade, custando três vezes mais, que argumentos você vai usar com um empresário para o qual você irá pedir patrocínio?

De fato, não existe mais patrocínio hoje em automobilismo, como faz ali (Stock Car) a CIMED e a EUROFARMA, é gente apaixonada por corrida, nenhum deles sonha que terá retorno de mídia que cubra três milhões num carro, isso ai não existe, antes podia até ter uma chance de cobrir, mas hoje, na forma que esta, com 10x menos de audiência e custando três vezes mais, a conta simplesmente não bate, então o que temos ali são dois apaixonados, que eu já citei, que possuem meia dúzia de carros na categoria e que sustentam ali a principal categoria nacional, no dia em que eles acordarem de mau humor e resolverem parar com corrida ai acabou, a Stock Car provavelmente ira sentir muito, como já vem sentindo ano a ano, trocando pilotos profissionais por pilotos pagantes, isso acontece todo ano dês de 2008, cai dois, entre dois, então um bom resumo do nosso automobilismo é o que se passa na Stock Car.

Para Sprint Race aumentar o grid e melhorar como preparação dos pilotos, é preciso ter um envolvimento maior com o Kart, eu tenho um envolvimento razoável, já conversei até com o presidente eleito da CBA e estamos com bons planos para desenvolvimento do Kartismo para o carro, e sem duvida o Sprint é o ideal pra isso, não é por que o produto é meu, mas não tem nada nem perto dele como escola, como o primeiro passo, pra começar ele é um carro que serve pra turismo e pra formula, porque a posição do piloto é no nomeio do carro, o centro de gravidade é no chão praticamente, é muito parecido com um formula e ao mesmo tempo é um carro de turismo, então serve para os dois, a gente tem pilotos que vão fazer carreira de formula e que deram os primeiros passos no Sprint e saem de lá valorizando e reconhecendo que fizeram o certo.

Vamos ter um envolvimento ainda maior da CBA nesta próxima configuração de poder, nós realmente fizemos algumas coisas, mas acho que da pra fazer mais. Eu reconheço e insisto que eu nunca tive nenhum problema com a CBA seja no comando do Cleyton, tive uma base muito boa inclusive, através do Rubens Gatti, que apoiou muito a categoria na Federação Paranaense, não tenho do que me queixar, talvez se faltou alguma coisa, faltou até da minha parte de levar novas ideias para o Cleyton e para o próprio Rubens para a gente fazer mais, mas não na parte deles. O Rubens é presidente do CNK que é um órgão do Kartismo nacional e ai eu chamo um pouco da responsabilidade também dos dirigentes, tem que criar, tem que inovar, fazer coisas diferentes, vamos citar a Stock Car novamente, Brasileiro de Turismo e Brasileiro de Marcas, não muda nada, é a mesma coisa, aquela chatice sabe? Você pega o calendário da Sprint, e vê que coisas diferentes, uma corrida é noturna, outra num traçado invertido, outra que inverte o grid, outra que vale o dobro de pontos, isso ai é automobilismo moderno, então tem que partir dos dirigentes também, trazer as novidades, não adianta ficar se lamentando e ficar tentando achar culpa pelo insucesso, tem que correr atrás e fazer virar.

Todo mundo tem uma ponta de culpa nisso, infelizmente é um esporte caríssimo lá da base, mas se todo mundo fizer um pouquinho que seja, eu acho que da pra dar a volta por cima, da pra fazer um esporte justo e barato como eu fiz na Sprint Race, da pra fazer campeonatos neste formato.

A Porsche Cup, se você levar em conta, poxa estamos falando de um Porsche, um carro que custa 400 mil euros, como que uma categoria de Porsche custa 800 mil reais e a Stock Car que é um carro montado, que vira mais lento que o Porsche, é mais perigoso em termos de segurança, custa quatro vezes mais? Aí tem falha em quem está organizando o negocio, para encarecer o negocio desse jeito, e falha da parte de quem aceita pagar estes custos. Então você tem que tentar fazer um produto justo e entregar aquilo que deve, é o que eu busco sempre na Sprint Race, achar um meio termo para encontrar o posicionamento da Sprint no mercado, que é uma categoria barata num carro de corrida espetacular com um preço totalmente acessível, esse é o resumo. Cada categoria tem de achar sua posição dentro do mercado nacional.
(Thiago Marques)

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