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Automobilismo na visão de Oscar Chanoski

Apesar de viver fora do Brasil há quase duas décadas, sofro como todos os envolvidos, por estar assistindo a deterioração violenta que sofre um dos “ícones” mais importantes a nível de divulgação de nossa cultura. Nosso esporte é uma poderosa ferramenta de integração com outros povos. 
O automobilismo num passado recente mostrou ao mundo o nosso continente, nosso país, nossas indústrias, e sobre tudo nossa paixão por carros. Sem contar que nossos jovens pilotos e também aficionados, tomam como sua referencia pilotos famosos como exemplo a ser seguido, quer seja como exemplo de superação, quer seja na disciplina, quer seja no cuidado com sua saúde.

Em lugar de falar dos motivos que levaram o automobilismo ao fundo do poço, prefiro falar um pouquinho daquilo que poderia ser feito, para que ele retome seu papel mais importante que é interagir com mercados, por consequência beneficiar-se da geração de empregos sustentáveis e na sequencia do fortalecimento, buscar a vanguarda que tanto nos há orgulhado.

Opino diferentemente da grande maioria e espero não ser mal interpretado, em quanto a meu instinto e percepção provenientes de minha experiência internacional.

Entendo que para retomar o caminho do sucesso, se faz necessário, inicialmente uma grande reforma de conceitos. Vejo absolutamente todos eles fora de lugar. A meu ver, qualquer esporte demanda de uma estrutura organizacional, que deve invariavelmente contar com CABEÇA, TRONCO E MEMBROS. Esta ordem infelizmente foi atirada ao vento ao passar dos anos.

A meu ver que chamo de CABEÇA são os donos dos ativos. Sim aqueles que colocam seu capital em risco e buscam seu espaço para remunerar seus investimentos. No caso de nosso esporte, me refiro aos donos de equipes. Não os vejo como heróis, mas sim como empresários do ramo, eles são os CABEÇAS de tudo, é da iniciativa deles que sobrevive um automobilismo em que “hoje” poucos acreditam.

O TRONCO para mim são os patrocinadores e a mídia, os vejo limitados a pouco espaço dentro dos eventos, sem estes dois motores de impulsão, devidamente reconhecidos, nada ganha corpo neste esporte, tudo será sonho e zero de sustentabilidade.

Os MEMBROS, vejo os Pilotos, Promotores e a CBA, mas na minha visão, cada um deveria limitar-se a aquilo que a lógica e a hierarquia lhes confere.
Pilotos devem pilotar, hoje os vejo sair a publico, emitir opinião em cima do capital alheio, sem o menor preparo, e em alguns casos, visivelmente para a defesa de interasses pessoais. Acho que ninguém tem o direito de emitir sua voz em assunto que não lhe corresponde, em minha opinião, pilotos devem preservar a arvore da qual eles são totalmente dependentes, afinal, é da CABEÇA E DO TRONCO que surgem os MEMBROS, a não ser que neste caso queiramos inventar uma nova teoria.

Promotores ao prevalecer à lógica, estes devem obedecer ao comando daqueles que contam com um capital “em risco”. Em uma das principais categorias do Brasil se vê claramente esta inversão de valores. Promotores e também provedor de acessórios nitidamente distribuem as cartas e os donos do capital são tirados para bailar, no ritmo destes dois citados inicialmente. E para arrepiar ainda mais, a gestão da CBA que em 2017 passa o bastão ao novo presidente, não moveu uma palha para parametrizar e devolver a tranquilidade para o ambiente.
No automobilismo do Brasil, são raros os casos em que o “cão urina no poste”, na grande maioria se da ao contrario, não consigo ver mais que a Sprint Race, Porsche Cup e a Formula Truck, trilhando o a caminho da lógica, e mesmo assim esbarram em obstáculos de toda natureza, que não deveria sequer ter lugar. Basta analisar como exemplo recente, o conflito e queda de braços entre CBA e Formula Truck. Uma historia de sucesso de duas décadas, sendo questionado por um órgão teoricamente regulador, que passa a interessar-se por um gigantesco negocio de propriedade particular, o qual, como tantos, tem o direito de lutar e superar um período de turbulência nacional que afeta a todos, por motivos políticos/econômicos que aqui não deveriam tomar espaço.

Demais eventos nacionais aparentemente encaminhados, mergulham em um emaranhado de erros que levaram donos de ativos (os verdadeiros protagonistas) a rezar uma cartilha onde não lhes sobra espaço sequer para levantar o dedo e pleitear mudanças para o bem comum. Neste modelo (que alias concentra a maioria do parque Motorsport do pais) a cegueira e a sucessão de erros são evidentes e que levaram ao inchaço do modelo. Enfim um território minado fadado à explosão, tomaram um caminho que nenhum ou quase nenhum patrocinador se atreve a acreditar.

A CBA em minha visão deve monitorar técnica e desportivamente aqueles eventos por ela homologados, sem interferir nas demais engrenagens do sistema. Espero que a nova gestão limpe o caminho, retome seu papel original e se posicione como uma das principais ancoras nesta fase em que tudo esta na UTI. Espero que o novo presidente saia a publico para demonstrar minimamente um planejamento estratégico para os próximos anos de seu mandato, enfim, anunciar o staff com o qual vai contar para esta transformação, e como pretende dar vida nova ao nosso esporte.

Tudo esta fora do lugar, já foi o tempo em que a relação CBA/PILOTO pudesse ser o único eixo motriz, já foi o tempo em que os donos do capital devam ser ignorados.
Obrigatoriamente a CBA deveria tomar a iniciativa, dar sinal de vida, e criar um canal de comunicação, para dar inicio a formas conceituais. Acho que com trabalho árduo na busca de leis de incentivo a patrocinadores, com prestação de contas mensais no site da CBA, balancetes e metas transparentes, uma luz no fim do túnel deverá renascer. Enfim a CBA precisa parar de falar quanto tem em caixa, não herdar esse discurso de administrações anteriores, mas sim prestar contas do volume e o destino destes fundos arrecadados, quer seja através de inscrições de pilotos, quer seja de outras fontes, que alias precisam urgentemente ser exploradas de forma imediata. Por outro lado vejo muitas matérias e esforços na criação de escolas de Kart, e demais categorias de base, mas sempre me pergunto quando vejo tais iniciativas, não há uma estrutura organizacional clara, acho que as iniciativas são louváveis, porem tudo isso só fluirá naturalmente quando o Mundo Motor voltar a sentir confiança, e estiver seguro de que nosso esporte contará novamente com CABEÇA, TRNCO e MEMBROS. Formar pilotos para que? Se não há organograma funcional claro, não temos porque formar pilotos com este horizonte em plena UTI.

Nosso esporte é por muitos considerado esporte de elite, e assim sendo, por traz de um piloto sempre haverá um empresário fazendo projeções. Está na hora de acordar, ninguém entra em um túnel sem saber se a porta de saída é segura.

Esta é a minha visão, e espero que faça sentido para aqueles que procuram entender e trabalham duro na retomada do crescimento.


(Oscar Chanoski )                                          

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