Ninguém que tenha passado pela
Formula 1 na mesma época em que Michael Schumacher, Fernando Alonso, Sebastian
Vettel e Lewis Hamilton, deveriam ter o titulo mundial como obrigação.
Ninguém
que tenha pilotado uma Ferrari, tendo como companheiro os dois primeiros nomes
acima citados, poderia se dar o direito de esperar mais que um vice-campeonato.
Ninguém que tenha passado pela
Formula 1 nos últimos 10 anos, que não estivesse pilotando uma Mercedes, uma
RBR ou até mesmo uma Brawn no seu único ano de vida, estaria apto a vencer um
campeonato.
Então o que esperar de Felipe
Massa além do que ele tenha feito? Nada, absolutamente nada. Ainda assim,
contrariando todos estes fatos, ele ainda foi Campeão Mundial de Formula 1 por
infinitos trinta segundos.
Dizer que sua missão na Formula 1
foi cumprida, eu diria que não, pois do contrario, seria como dizer que ele
nunca tenha tido o objetivo de ser campeão, que ele nunca tenha tido pretensões
maiores do que conquistou. Acredito que seus sonhos, seus planos, tenham sido
muito mais ambiciosos, isto é natural de todo piloto que ingressa na Formula 1,
mesmo os que fecham o grid, sonham em marcar pontos, subir ao pódio, vencer
corridas e campeonatos.
Neste grupo seleto, Massa foi
figura fácil, sobre tudo andando de Ferrari, o problema é que andar numa
Ferrari, uma Mercedes ou qualquer equipe de ponta, não é garantia de que você será
bem sucedido, e talvez o fator impeditivo para que não tivéssemos hoje, no mínimo,
mais dois títulos mundiais, tenha sido o fator “companheiro de equipe”, tanto
no caso de Rubens quanto no de Felipe Massa.
Ai voltamos ao inicio, ninguém que
tenha tido um Schumacher ou um Alonso estacionado ao seu lado no Box, teria a
menor chance de campeonato. No caso de Rubens, com o melhor carro do grid durante
no mínimo três anos. Mas o assunto aqui é Felipe Massa.
Massa teve sua chance, contra tudo
e contra todos, contra os erros bobos que a Ferrai cometeu durante aquele ano, contra
o tal “semáforo”, contra a mangueira de combustível e muito mais. E não foi
nada disso que lhe tirou o título, nem mesmo a McLaren e Hamilton, foi a tirada
de pé de Timo Glock, que pode chamar de destino, pneus gastos, mas eu jamais
vou deixar de acreditar que foi uma conversa no radio, o bom e velho negocio
que é a Formula 1.
Polemica à parte, o que sobra é o
que as imagens mostram, e a que vai ficar por anos, não é a batida por trás na
Force Índia no Canadá, não é o Alonso passando ele na entrada do Box, na China
em 2001, não é a vitoria no Brasil com o macacão verde e amarelo e muito menos
o quase titulo mundial, a imagem que fica, e a de eu nunca ter visto o publico
de Interlagos aplaudir tanto um piloto após ele ter rodado sozinho e batido o
carro na entrada do Box, a imagem que fica, é a que eu nunca havia visto antes,
uma transmissão de corrida ser interrompida para mostrar um piloto voltando a
pé para o Box, a imagem que fica é a de todas as equipes, em plena corrida, saírem
dos Boxes, esquecerem seus pilotos que ainda corriam, para formar um corredor e
aplaudir o piloto adversário, o que as câmeras não mostraram foram os chefes
que estavam no muro, se voltarem para o lado do Pit Lane e aplaudir também, o
que as câmeras não mostraram foi o carinho que Felipe recebeu no Paddok enquanto
a corrida ainda continuava.
O que fica, foi que salvo eu
tenha tido um lapso muito grande de memória, não me lembro de outro piloto que
tenha tirado dinheiro do bolso para lançar uma categoria de base no Brasil para
jovens pilotos. Sim outros tiveram seus projetos, mas visando a base? Só me
lembro deste.
Parece ir contra tudo o que o
esporte representa, dizer que a vitoria não é o mais importante, dizer que
campeonato não é o mais importante, mas, ainda que Massa tivesse sido Campeão
Mundial, a imagem que ficaria seria a deste final de semana. Assim como tenho
certeza, que nem mesmo o hepta campeão Schumacher, na Alemanha, teria sido tão
aplaudido pelo publico e pelos adversários, quanto foi com Felipe Massa.
Os anos passam, e o que ficam são
os números, eu prefiro as recordações, prefiro os momentos marcantes como a
ultrapassagem do Piquet sobre o Senna por fora, eu prefiro a passada que o
Rubens deu no Schumacher entre a pista e o muro, eu prefiro a ultrapassagem
dupla que Schumacher e Mika Hakkinen deram em Ricardo Zonta, a volta de Lauda após
ter o corpo desfigurado, e definitivamente, a partir de agora, o corredor de
equipes aplaudindo Felipe Massa.
Estatística é para matemáticos,
não sou de exatas, sou de humanas, para mim o que vale é a emoção, e
emocionante foi o que vi ontem, quem venceu a corrida? O publico.