“É fácil falar com a
bunda no sofá”
Esta frase acima me incomodou muito nas ultimas semanas, mais
ainda por vir justamente de um piloto, ninguém conhecido ou que mereça muita
atenção, porem um piloto, dele falo depois.
Meu último comentário sobre a Formula 1 foi logo após o GP da
Austrália e foi dirigido de forma especifica ao excelente resultado obtido por
Felipe Nasr em sua corrida de estreia. O comentário que fiz e reafirmo, é que
aquele resultado não deve se repetir durante o resto da temporada e não precisa
ser um gênio para prever isto, não precisa ser piloto para entender isso, basta
saber contar até seis. São duas Mercedes, duas Ferraris e duas Williams, alem
disso ainda temos as RBRs, STRs e Lottus, o que se pode esperar de Felipe Nasr
são alguns pontinhos e isto já esta de bom tamanho em seu primeiro ano. Repito,
este comentário nada tem a ver com a capacidade de Nasr como piloto, se a
Formula 1 primasse apenas pela capacidade e nível técnico de pilotos já teríamos
no mínimo mais três pilotos nacionais campeões do mundo, mas não é assim que a
banda toca por lá, sabemos bem disso.
Voltemos agora à frase lá do inicio, é sobre ela que quero
falar. Vamos esquecer que este blog já tenha passado a muito tempo da marca de
1 Milhão de leitores, vamos esquecer que escrevo sobre automobilismo a dez
anos, vamos esquecer que acompanho a Formula muito antes da maioria dos pilotos
que estão no Grid hoje terem nascido. Quem pode opinar sobre automobilismo?
Quem pode escrever sobre automobilismo?
Esquecendo o fato de que cursei escola de Pilotagem e paguei
caro, cerca de R$ 4.500,00, só pra entender melhor sobre o que escrevo, e
esquecendo até mesmo minha pessoa.
Vamos fazer um exercício meio bobo e buscar na memória um
comentarista de Formula 1, é quase que unanime o primeiro nome é dele,
Reginaldo Leme. Quantos títulos de Formula 1 o Regi tem? Isso o desqualifica
como comentarista? E Claudio Carsughi, o mestre, não estaria apto a comentar?
Não que eu me compare a estes dois mestres jornalistas,
comentaristas e acima de tudo entendedores do assunto.
Mesmo em outras áreas, Política, Economia e tantas outras. É
necessário ter sido Presidente da República para julgar o Governo Dilma? Ser
economista para achar nossa carga tributaria excessiva? Segundo a “teoria da bunda no sofá” sim. É
preciso ser Policial para opinar sobre a segurança publica? Ser ator para
reclamar da novela? Aposto que este mesmo piloto autor da frase acima falou “cobras
e lagartos” no dia dos 7 a 1 da Alemanha mesmo sem nunca ter jogado Futebol.
O problema esta na critica, se fizermos um exercício
contrario a coisa muda, façamos um teste. Se a minha ou a sua avó, que em geral
nada entendem ou pouco acompanham as corridas, disser que Ayrton Senna foi o
melhor piloto que já viram correr, isso desqualifica Ayrton Senna? Já que o
comentário veio de alguém que nada entende sobre automobilismo?
Chego a conclusão que o problema realmente é a critica, e
talvez esteja agindo da mesma forma ao escrever este texto, porem, quando
critico, e faço muito, é sempre dentro do tema automobilismo, se critico um
piloto é por um acontecimento pontual, no próximo final de semana posso estar
elogiando o mesmo com a mesma naturalidade.
Para concluir, é preciso ser isento para criticar, mas para
elogiar nem tanto, critico amigos e elogio inimigos com a mesma facilidade,
porque escrevo sobre um assunto que ocupa muito mais a minha vida do que a da
maioria dos “pilotos”, por que me dedico tanto quanto ou até mais do que a
maioria das pessoas que ganham fazê-lo, e faço de graça, faço por amor. Deixei
de fazer assessoria porque procuro não mentir, acima de tudo sobre pilotos como
o autor da frase acima, este sou eu, seja no sofá ou na pista só falo de
automobilismo, e algumas vezes perco tempo respondendo bobagens como a frase
acima.