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Série bate-papo: Kau Machado









O automobilismo é feito basicamente por historias e personagens, algumas historias acontecem dentro do ambiente das pistas e outras fora. Um destes personagens teve nos últimos anos um grande destaque na mídia, infelizmente por um motivo que no inicio poderia parecer uma tragédia, mas como diz o ditado, a vida deu limões para Kau Machado e deles ele fez uma deliciosa limonada. Hoje totalmente recuperado, e mais importante, curado, Kau nos conta um pouco da emoção de estar de volta em plena atividade e competitivo.
Na rodada de abertura da Sprint Race, Kau Machado reencontrou o primeiro lugar do pódio e junto com ele, subiu também neste pódio um grande numero de pessoas que se uniram em orações por ele no momento em que mais precisou. Em 2009 quando foi diagnosticado com leucemia Kau sentiu todo o apoio de pessoas de todo o país, amantes ou não do automobilismo, colegas de profissão e pessoas com quem  nem tinha muito contato passaram a torcer pela sua recuperação, e ela veio.
Chamamos Kau Machado para um bate-papo e o resultado você confere na integra a seguir, sem dúvida um dos personagens mais importantes do nosso automobilismo, vitorioso dentro e fora das pistas, um lutador que venceu a maior corrida de sua vida e mais do que isto, retorna com todo o gás para nos mostrar que as dificuldades estão aí justamente para ser vencidas.
A entrevista abaixo foi feita após a rodada dupla de abertura da Sprint Race em que Kau Machado subiu ao pódio duas vezes sendo uma no lugar mais alto. Hoje após quatro corridas Kau ocupa a vice-liderança do campeonato.

B.R: Kau, como o automobilismo entrou em sua vida e quando descobriu que este seria o seu esporte?
Kau: Foi por acaso, pois em uma brincadeira entre amigos , me convidaram para participar de uma bateria de kart e terminei a mesma em segundo lugar, dai começaram a falar que já pilotava e estava escondendo o jogo mas não era , foi aptidão mesmo desde o primeiro contato. Ai fui convidado a participar do campeonato oficial e já no primeiro ano fui vice campeão paranaense de kart e campeão no ano seguinte, a partir dai fui seguindo por todas as categorias regionais ate chegar o convite de uma equipe de SP para participar das 1000 milhas brasileiras, e ai foram 05 participações, onde ficou marcada a ultima onde fizemos eu o Paulo Gomes e Eduardo Homem de Melo, largamos em sétimo no geral e estávamos em terceiro quando quebrou o carro mas fomos muito elogiados pela nossa performance.

B.R: Quando se fala em kau Machado, associamos automaticamente com a Pick Up Racing, você concorda com esta afirmação?
Kau: Em partes sim, porque fiz 10 brasileiros na categoria e fui o quarto maior vencedor da categoria e terminei 07 deles entre os cinco melhores pilotos ao final dos campeonatos e na categoria tive a oportunidade de guiar carros de 200 a 420 cv, do GNV ao Avigás, então isto me ensinou muito de como evoluir um carro de corrida .

B.R: Sabemos de todo o drama que você viveu com a leucemia, que lições você acredita que ficaram tanto no âmbito pessoal como no esporte e profissional?
Kau: A maior é de que devemos sempre valorizar a conquista de amizades, pois durante o meu tratamento isto foi marcante, recebi ajuda de tantas pessoas que eu nem imaginava que eram tão amigos e fui ajudado de forma oculta, com orações e doações de sangue de causar filas de 3 horas no banco de doações, isto não tem preço. E uma coisa muito interessante também que aconteceu, foi que nós pilotos somos testados para resistir a temperaturas altíssimas, altos  níveis de adrenalina e concentração, e durante o meu tratamento pude usar isto na hora das aplicações da quimioterapia, pois os médicos diziam que eu iria ter reações fortes e eu dizia; pode aplicar que não vai dar nada e ai eu me concentrava e nada acontecia 

B.R: Consegue descrever a sensação de quando voltou às pistas após a recuperação?
Kau: Foi como um renascimento, pois minha vida teve duas fases, antes do automobilismo e depois de entrar neste esporte, exemplo disso é que hoje o KAU MACHADO é mais conhecido em vários cantos do Brasil do que o empresário Cleudir, isto mostra que o automobilismo me deu muitas coisas boas.

B.R: Agora disputando a Sprint Race, fica claro que o objetivo é o campeonato, certo?
Kau: Eu sempre disputei os campeonatos pensando em vencê-los, só que nunca guiei um carro de ponta, sempre fiz meus carros de forma econômica e agora tenho a oportunidade de guiar numa categoria que tem carros iguais e preciso só guiar e por isso acredito que tenho chances de ser campeão.

B.R: Na rodada dupla de abertura da Sprint Race você fez um “segundo lugar” e uma “vitória”, foi um final de semana quase perfeito, seria este o seu melhor momento?
Kau: Foram resultados excelentes mas não os melhores da vida, pois obtive grandes vitorias, por exemplo, GP SPORTV no Rio em 2002 quando venci diante de um grande publico e para uma plateia especial de Italianos, Franceses, Argentinos e o EMERSON FITIPALDI, convidados que lá estavam pela Petrobrás, patrocinadora oficial da categoria na época....

B.R: O que você acha deste novo modelo de competição com custos mais acessíveis porem com equipamento de ponta?
Kau: Acho super interessante e até sugeri ao Thiago (Marques, organizador do Evento) que busque um parceiro master, para que possa investir no evento, na divulgação, que olhando a categoria e a única coisa que falta para estourar ...

B.R: O automobilismo brasileiro lança novas competições todos os anos, porem, parece que estas categorias não conseguem ter uma vida muito longa, exemplo da Copa Fiat, Mini Challenge, Formula Future entre outras, na sua opinião o que falta?
Kau: Falta a cultura do esporte a motor, vivemos no País do futebol, onde as empresas não veem no automobilismo um produto de grande retorno e por isso não investem e para piorar a maioria dos detentores das categorias não pensam em formar equipes fortes e só pensam em ganhar dinheiro em cima das equipes e pilotos, teríamos que repensar a própria gestão da CBA, onde ela teria que exigir dos organizadores, comprometimento com a longevidade das categorias homologadas.

B.R: Na sua volta à Copa Montana em 2010, haviam trinta carros no Grid, qual foi o maior grid em que você já largou? E você acha que o atual esvaziamento de grid das categorias se deve ao fato de termos muitas categorias?
Kau: O maior foi no paranaense de 1999 com 53 carros no grid e eu largando em segundo; Na Montana foi Interlagos, tinham 37 inscritos e largava só 34, depois Curitiba com 36 carros inscritos e largou 34; Depois tinha as 1000 milhas que sempre largavam mais de 60 carros na época. Não acho que esvaziamento seja por excesso de categorias e sim pelos custos e falta de patrocínio, hoje temos poucas empresas investindo, com isso tem ai uns 10 pilotos ganhando dinheiro e a maioria pagando para correr, isto e absurdo...

B.R: Você tem três filhos, Eduardo, Andressa e Mayara, se um deles seguisse a carreira de piloto você encorajaria ou faria o contrario?
Kau: Meu filho gosta muito de automobilismo e eu fico feliz com isso, principalmente por que, quem corre na pista, perde a vontade, ou melhor, ganha consciência de que não se pode correr nas ruas....

 B.R: Vendo você na pista na ultima corrida, a impressão que se tem é de que a hora de parar esta longe ainda, você sente o mesmo?
Kau: Eu sempre disse a todos que a hora que eu sentir que nao estou mais competitivo, eu paro e acredito que isto podera demorar um pouco ainda, principalmente depois da minha cura .

 B.R: Sempre achei que você tem um perfil que cairia como uma luva na Formula Truck, o que você acha da categoria dos “butos”?
Kau: Realmente, eu ja cheguei a pensar em pilotar na truck so nao fui por falta de oportunidade e patrocinio mais ainda acredito que possa acontecer , quem sabe , pois tenho uma particularidade com caminhoes, haja visto que na minha infancia/juventude eu guiava os caminhoes do meu Pai , desde a idade de 13 anos o que para epoca era absurdo e fiz isto em estradas de terra , onde se exigia muito do motorista , pois tinha que guiar em estradas de barro o que era muito dificil

B.R: Para finalizar, você é um símbolo de superação, isto esta marcado em sua carreira, curriculo à parte, você é um dos maiores vencedores do automobilismo, deixe uma mensagem as pessoas que acompanham sua carreira.
Kau: A maior mensagem e de que na vida, temos que sempre acreditar / sonhar / planejar seus projetos e busca-los pois nao existe nada impossivel, existe sim as dificuldades mais com determinacao podemos supera-las e chegar ao sucesso, tanto no esporte como no profissional .  P/ finalizar  sugiro que :   VIVAMOS COM ALEGRIA TODOS OS DIAS , PENSANDO QUE O MESMO TEM 24 HS E QUE TEMOS QUE BALANCEAR BEM , PARA NAO DEIXARMOS QUE 1 HORINHA RUIM , ESTRAGUE AS OUTRAS 23 BOAS QUE RECEBEMOS. POIS NOS SERES HUMANOS TEMOS O HABITO DE POTENCIALIZAR AS COISAS RUINS E ESQUECER AS BOAS QUE RECEBEMOS ......


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