Reginaldo Leme: Ele é a cara da Formula 1.

Talvez fosse pensando assim que o Tri-Campeão Nelson Piquet procurou Reginaldo Leme para trazer a publico um dos maiores escândalos da Formula 1, o caso Nelsinho Piquet contra Flavio Briatore, o teor das acusações e o resultado delas todos já sabemos, Briatore “banido” e Nelsinho praticamente desistindo forçadamente da categoria.  O fato é que se qualquer outro tivesse noticiado este episodio não teria tido o mesmo impacto, não por não termos jornalistas tão competentes ou mais que Reginaldo Leme, e sim pelo veículo de imprensa ao qual ele esta ligado, tendo a oportunidade de trazer o “furo” ao vivo durante a transmissão de um grande premio na Globo.

Reginaldo teve seu inicio no jornalismo no “Estadão” em 1968, e isso já vai para 45 anos, é bem verdade que no inicio não cobria automobilismo, fazia cobertura de Futebol, em 1972 fez sua primeira cobertura da Formula 1, cobriu o titulo de Emerson em Monza e daí pra cá todo mundo sabe que quando é citado o  nome de Reginaldo Leme automaticamente lembramos de Formula 1.

Reginaldo é jornalista na sua essência, a mesma noticia dada, por exemplo, por Galvão Bueno, não tem o mesmo peso dado ao que o Regi fala, explico, Galvão é um excelente narrador, ótima pessoa, porem, tem aquele costume feio de querer ser e muitas vezes é, muito intimo de pilotos, jogadores, dirigentes etc... Um bom jornalista sabe que não pode ser muito “amigo”de ninguém, e se chegar a ser, não pode externar isto, pois mais cedo ou mais tarde se encontrará numa encruzilhada em que terá de decidir entre a amizade ou a noticia e se realmente ele for um jornalista, fatalmente perderá o amigo. Reginaldo é discreto, chegou a ser um dos melhores amigos de Airton Senna e para a grande maioria isso passou quase despercebido.

Nos últimos dois meses muito se foi dito em “off” a respeito da contratação de Rubens Barrichello pela Globo, primeiro esclarecendo que sim ele foi contratado pela Globo, o fato de Galvão nas transmissões primeiro chamá-lo de Comentarista, e depois passar a chamá-lo de “comentarista convidado” e agora “comentarista especial”, tudo isso parte do próprio Rubens, que ainda não quer ser reconhecido por aí como comentarista e sim como Piloto, até é simples entender, no próprio circo da Formula 1  o Luciano Burti por exemplo já é visto como repórter ou qualquer outra coisa, menos Piloto, por isso não deu certo com ele fazendo as entrevistas no grid, deu certo com Rubens porque sua imagem ainda esta viva na lembrança de todos, porem quanto mais ele for visto com um microfone na mão, menos será lembrado de quando usava macacão, isto para Rubens não é nada bom, pois ele ainda tem esperanças de voltar a pilotar um Formula 1. Mas onde entra o Regi nessa historia? Muito foi dito que um dos dois comentaristas cairiam com a chegada de Rubens, pela lógica seria o Burti, mas quem disse que existe lógica na Globo? O fato é que Reginaldo Leme ficou de fora em um Grande Premio, se não estou enganado foi o do Barheim, e quando voltou no GP de Mônaco trouxe com ele outro escândalo da Formula 1.

O caso Mercedes e Pirelli com o teste secreto fez a Globo repensar a posição do jornalista nos GPs, este tipo de noticia só poderia ser trazido por um jornalista no calibre de Reginaldo Leme, ao passo que ouvir transmissões de radio pode ser feita por qualquer um. Coincidência? Talvez, mas veio em boa hora, e é isto que se pode esperar sempre do Reginaldo Leme, jornalismo.

Nunca saberemos se ele seria afastado, ou quem cairia seria o Burti, ou se ambos ficariam, enfim, este não é o único problema dentro da Globo que constantemente vem atirando no próprio pé, veja por exemplo a perda da “Olimpíada” e do “Pan” para a Record, recentemente o fracasso da Copa das Confederações, a não transmissão ao vivo da Stock Car e a partir do ano que vem, os treinos classificatórios da Formula 1 também deixarão de ser transmitidos. Tudo isso se deve ao fato de as transmissões estarem constantemente perdendo audiência, fato que se explica pelos maus resultados do único piloto brasileiro do grid.

As transmissões de Formula 1 tem sido um desafio para a emissora que precisa cada vez mais contar com a contribuição de Reginaldo Leme, afinal, quando 99% dos espectadores Brasileiros nem sabiam o que era Formula 1, ele estava lá, nos jornais escrevendo meia dúzia de linhas, espaço que lhe era concedido, e hoje somos milhões de fãs deste esporte graças aos grandes Pilotos que tivemos e os grandes jornalistas que nos apresentaram estes Pilotos e seus feitos.

Fica a lição de que precisamos de bons pilotos lá fora, precisamos de bons comentaristas, precisamos de bons narradores e até de ouvintes de rádios, mas acima de tudo precisamos de jornalistas como Reginaldo Leme, Fabio Seixas, Lito, Carsughi e tantos outros que não poderia lembrar aqui.

Minha vontade era ver o Reginaldo Leme fora de mais uma corrida, porque na próxima ele fatalmente traria outro “furo”.