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Uma vez piloto de F1... (Parte 2)













Nos últimos dias recebi muitas mensagens com relação a ultima postagem, havia preparado este tema dividido em duas partes, porem, a coisa tomou uma proporção tamanha, que vou abrir aqui um parêntese. Foram muitos manifestos, de pilotos, que por algum motivo não deram continuidade em suas carreiras, nem todos por falta especifica de dinheiro, muitos casos são de oportunidades mesmo.  
O dinheiro eu diria que é 70% da carreira de um piloto mediano, os outros 30% se dividem entre talento, que difere o mediano do “puro sangue” e algo muito importante, influencia, agenciamento da pessoa certa. Muita grana sem talento, pode até garantir um bom posto na carreira, mas o segundo degrau, o do resultado, geralmente não é atingido sem talento e sobre tudo a influencia de alguém que conheça os atalhos e as pessoas certas.
Usei o piloto Tarso Marques como exemplo no texto anterior e vou continuar nesta linha, principalmente depois da historia contada a mim pelo seu pai Paulo de Tarso, que ilustra bem a importância de se ter a família por perto.
Um dos primeiros agenciadores de jovens talentos foi Flavio Briatore que garimpava nas demais categorias jovens talentos dispostos a entregar os cuidados de suas carreiras ao figurão. 
"Ocorre que o Flavio Briatore foi um dos primeiros a fazer isto, ele lhes oferecia um Contrato de umas trinta paginas onde descrevia todas as obrigações dos pilotos, o que vestir, o que comer, que exercícios fazer, o que falar, onde morar etc." 
Conta Paulo de Tarso que viu o filho Tarso também ser assediado, outros Pilotos, hoje famosos também se submeteram a tal contrato, Trulli, Webber, Fizichella e até mesmo Fernando Alonso, muitos outros contratados, a grande maioria, e entre eles bons pilotos que por conta do próprio contrato, tiveram suas carreiras apagadas.
"Oferecia um contrato com todas as exigências, porem sem nenhuma garantia, não dizia em que categoria o piloto iria correr, nem em que ano, nem se ele iria correr..." 
Na verdade o que fazia era manter a carreira do piloto totalmente amarrada a ele, e se tal piloto se destacasse, ele o levaria até a Formula 1, e claro, ficaria com uma grande fatia dos ganhos deste piloto.
Ao passo que Tarso começou a se destacar na Europa, começou o assedio por parte destes “agentes” e Briatore logo o procurou, ele ja estava na Minardi nesta ocasião.
“Estávamos de férias em Miami, quando o próprio Briatore ligou para o Tarso, dizendo que queria falar com ele no dia seguinte, em sua casa em Londres, o Tarso com 19 anos, largou as férias e foi encontrá-lo. Ofereceu o mesmo tipo de Contrato, que analisamos e concluímos que seria loucura assinar, sem nenhuma garantia de retorno”. 
O que veio a seguir, vou deixar que as palavras do próprio Paulo de Tarso relatem.
“Depois disso trocamos vários fax, e-mails, telefonemas, minha única exigência era que ele anexasse ao contrato à seguinte clausula; Que o contrato era valido enquanto o piloto estivesse na Formula 1. Ele recuou no momento, e ofereceu outras categorias que não interessavam para nos no momento.
As investidas só voltaram durante o GP da Itália naquele ano.
“Ele pressionou tanto que chegou a mandar dois Italianos, tipo estes caras da “máfia” ir me buscar no Hotel as 6:30 para tomar café, sem entender bem, fui encontrar os caras que só falavam italiano, após o café, insistiram que eu deveria ir com eles para o Circuito. Inocentemente fui, eles estavam com Audi A8, todo blindado, vidros escuros, os caras o tempo todo falando em italiano que eu deveria assinar o Contrato. Num certo momento, achei que algo pior fosse me acontecer, então resolvi dizer que assinaria, apenas para me livrar dos caras.”

Tarso seguiu seu caminho, após sair da Minardi, foi para Indy, onde correu pela Dale Coyne e em seguida foi contratado para substituir o Al Unser na equipe de Roger Penske, porem o destino novamente o colocou no caminho de Briatore, que anos depois, comprou parte da equipe Minardi, seu objetivo continuava sendo o de revelar novos talentos para a Formula 1, desta vez sua aposta era um jovem Espanhol chamado Fernando Alonso, novamente Briatore lembrou-se de Tarso, e mesmo não digerindo muito bem o primeiro "não", o contratou desta vez com um único objetivo, o de acertar o carro limitado da Minardi, para que Alonso usasse tal acerto, e alem disso, ajudar a jovem promessa usando sua experiência. A chance foi bem vinda para Tarso, que poderia novamente aparecer para outra possível Equipe. Flavio Briatore, neste período, nem sequer o cumprimentava nos Box, talvez magoado pela recusa de anos atrás.
Tarso como poucos, conseguiu chegar a Formula 1, sem levar grana e tão pouco assinar contratos duvidosos, mas ele é uma exceção, hoje nomes como Hamilton e Vettel já chegam a Formula 1 após um longo período em programas de formação, e com contratos longos, onde são obrigados a permanecer nas equipes, e se os resultados não forem bons por insuficiência técnica, são cedidos a equipes pequenas, se o problema for o carro, são obrigados a pilotar e falar bem do equipamento, sob pena de multa se fizer o contrário, tudo redigido em contrato e sempre a favor da equipe é claro.



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