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Automobilismo na visão de quem o faz – Parte 1


Estaria o automobilismo brasileiro acabando? 
Dias atrás, republiquei um antigo artigo, perdão pelo trava língua, intitulado "Automobilismo, esporte de exceções", este artigo era uma reflexão bem particular sobre o, por que, do nosso esporte estar em baixa, seja nas competições internacionais, seja na mídia e até mesmo pelo esvaziamento de publico nas praças automobilísticas. Este artigo havia sido escrito em 2013 ou 2014, já nem lembro mais. Pois bem, republiquei por notar que nos dias de hoje as coisas que não continuam as mesmas, até pioraram. 

Mas de que valeria apenas a minha opinião? O automobilismo, embora tenha nos pilotos o protagonista, é um esporte coletivo, e não caberia expressar a opinião de uma só pessoa, no caso eu, pensando nisso, convidei algumas pessoas cujos nomes ao serem mencionados os leitores automaticamente associarão com o esporte, mais do que isso, associarão tais opiniões ao conhecimento de causa, formação de opinião e acima de tudo credibilidade nos comentários.

Imagine uma seleção automobilística contendo os seguintes nomes; Átila Abreu, Djalma Fogaça, Christiano Bornemann, Eduardo Homem de Mello, João Abreu, Luciano Zangirolami, Marcos Tokarski, Mico Juan Carlos Lopez, Milton Sperafico, Oscar Chanoski, Rafael Lupatini, Raphael Figueiredo, Rodrigo Sperafico, Thiago Marques, Waldner “Dadai”, Washington Bezerra e William Ayer. Se ao ler estes nomes você não reconheceu pelo menos dez, me desculpe, o seu conhecimento sobre automobilismo é abaixo da media, mas a grande maioria já sabe que a partir desta matéria algumas respostas e sugestões ficarão aqui arquivadas para contribuir de alguma forma para, quem sabe, criar mais discussões e acima de tudo, ações passarem a ser tomadas com base nestes depoimentos de suma importância para nosso esporte.

Todos os convidados leram o artigo anterior, e gostaria que você que ainda não leu também o fizesse, pois todos os comentários dos convidados foram baseados nele.

Os depoimentos estão resumidos por motivos óbvios, somados na integra dariam um livro, mãos fiquem tranquilos, todos os depoimentos serão exibidos em sua totalidade já em seguida, até para fonte de pesquisa posterior sobre o assunto.

A pergunta essencial que queremos descobrir ao final é; O automobilismo no Brasil esta acabando?

O Automobilismo não está acabando, esta se transformando. Categorias caras estão dando espaço a outras com menor custo, como por exemplo, o Rally Cross que é montado em espaços pequenos como estacionamentos e campos de Futebol, e também divide espaço com outros esportes como é nos X Games aonde o automobilismo divide espaço com skatboard, moto, BMX e outros.
A Paixão pelo automobilismo é maior que qualquer crise financeira, e sempre trará retorno aos patrocinadores que continuam fortes e determinados. Como já disse, esta apenas passando por um período de transformação de onde sairá mais forte do que nunca.
(João Abreu)



A situação do automobilismo nacional esta bastante critica, e isso atinge todas as categorias, um exemplo é a Formula Truck que segue indefinida na briga entre o promotor e a CBA.
A nível regional o campeonato paranaense de velocidade na terra também esta sem nenhuma definição, visto que o atual promotor desistiu de promover a competição este ano. Vamos torcer para que a Federação tenha algum plano para que o campeonato seja realizado.
Já em relação ao Rally, as perspectivas não são as melhores em termos de grid, mas ao menos deveremos ter campeonato, tanto o paranaense quanto o brasileiro. Mas mesmo assim continuamos anos luz atrás em relação aos nossos vizinhos Argentina e Paraguai, os quais contam com bastante facilidade para trazer carros de ponta da Europa e, não raro, contam com 100 carros por etapa em seus campeonatos nacionais.
(Marcos Tokarski)



Regii, li seu texto e de uma forma muito clara você expôs tudo que o automobilismo sofre e tem sofrido nos últimos anos e isso contribui para o que se imagina ser o fim do esporte. Em minha opinião dois personagens incompetentes tem culpa direta nessa crise, Dilma e Pinteiro. Dilma quebrou o país e o Pinteiro, que não tem a menor noção do que seja automobilismo de competição, enfiou o esporte num buraco profundo. Na gestão de Pinteiro o automobilismo retrocedeu pelo menos uns 20 anos e ainda por cima sofreu denuncias de uso indevido de cartão corporativo. Juntando os fatores Dilma, Pinteiro, denuncias, incompetência na gestão, não fica difícil entender o problema do esporte. O esporte é caríssimo, e se levamos em consideração que a Williams se rendeu ao dinheiro de piloto pagante, é sinal que estamos próximos do fim.
(Eduardo Homem de Mello)






Em lugar de falar dos motivos que levaram o automobilismo ao fundo do poço, prefiro falar um pouquinho daquilo que poderia ser feito, para que ele retome seu papel mais importante que é interagir com mercados, por consequência beneficiar-se da geração de empregos sustentáveis e na sequencia do fortalecimento, buscar a vanguarda que tanto já nos orgulhou.
(Oscar Chanoski)









Realmente temos que mudar muita coisa, todos nos estamos passando por um momento inédito de mudanças drásticas no país, teríamos que aproveitar isto para reprogramar o rumo do automobilismo brasileiro.
(Mico Juan Carlos Lopez)



A visão que eu tenho ela é um pouco diferente, porque eu não acho que é o automobilismo que esta morrendo, eu acho que é o esporte no Brasil que esta morrendo, eu fico indignado quando vejo um país do tamanho do Brasil, com proporções territoriais onde um país Europeu é do tamanho de um estado do Brasil, e numa Olimpíadas, um país como a Alemanha que tem o tamanho de alguns de nossos estados, consegue muito mais medalhas que nosso país todo.
Um exemplo, Autódromo de Jacarepaguá, ok, foi destruído, todos nós do automobilismo ficamos indignados com isso, mas foi feito um Parque Olímpico do qual outras diversas modalidades poderiam usufruir daquilo no futuro, se isso fosse verdade até seria aceitável perder o autódromo pensando no legado que isso deixaria, mas a gente viu recentemente numa matéria na Globo que o Parque Olímpico ta jogado às traças, a piscina virou criadouro de dengue, totalmente largado, abriram o parque ao público e ficaram todos indignados, então é isso que acontece, tudo no nosso país começa e para na metade, diversos escândalos financeiros corrupção e tudo mais e as coisas vão ficando pelo caminho. E no automobilismo acaba não sendo diferente, a gente teve alguns casos aí da CBA, recentemente, envolvida em escândalos de corrupção, que denigre a imagem, mas não é nenhuma novidade, porque vários outros esportes também se encontram na mesma situação, e a gente precisa de alguém que realmente resolva por um ponto final nisso.
(Átila Abreu)




A nível regional o esporte não anda bem principalmente por que existem alguns fatores que prejudicam e muito o esporte a motor a nível regional, estadual e nacional, a partir do momento que você forma cartéis é muito difícil você conseguir voltar atrás, recuperar o prestigio e a popularidade, toda forma de cartel ou monopólio prejudica qualquer tipo de atividade.

O automobilismo esta falido, estamos à beira de perder a Formula Truck, estão querendo dividir a categoria e tudo que divide complica, nos temos que somar e não dividir.
(Rafael Lupatini)







Eu não vejo o automobilismo acabando, eu não enxergo dessa maneira até porque muita gente já pegou o automobilismo numa fase muito boa dele, eu estou a 35 anos nesse esporte, eu talvez seja uma exceção nisso, meu pai não era rico, eu tinha 19 anos quando comecei a correr.
(Djalma Fogaça)




O que posso dizer é que o automobilismo assim como outros esportes, não vai ter vez no país do futebol, nunca, mas algumas coisas chamam a atenção sim, passar um dia nas arquibancadas de concreto no AIC (Autódromo Internacional de Curitiba) deve ser horrível para uma criança, não ter uma área de camping naquele espaço todo é um desperdício, e depois de queimar o filme fica difícil de reconquistar, hoje nem de graça o povo comparece.
Já a terra tem custos mais baratos e disponibiliza áreas para o povão, mas é descriminada pois os carros são feios, sujeira, lama, os playboys não curtem.
Prefiro mil vezes uma corrida em Joaçaba-SC, na terra com 8 mil pagantes do que uma de asfalto que não tem publico.
Regulamentos diferentes para metropolitanos não fortalecem um estadual, que não fortalecem um brasileiro.
(Christiano Bornemann) 



Hoje nosso automobilismo se resume em oportunidades para os mesmo de sempre, as categorias chamadas TOPs, a cada ano mais competitivas, mais tecnológicas e mais caras, e vemos sempre os mesmos pilotos, a diferença é que alguns mudam de equipes, mas a roda é a mesma. Dificilmente se vê um jovem talento com oportunidade, não existe um programa de planejamento e desenvolvimento como existe na Europa e EUA. 

Antes aqui no Brasil, os pilotos sonhavam em disputar categorias que fossem na Europa, mas os custos eram impraticáveis, hoje o inverso acontece, somos o país com o Km rodado de pista mais caro do mundo, e com isso, Europa e EUA passam a ser países com mais atrativos, alem da falta de oportunidade, planejamento e desenvolvimento que citei anteriormente.
(William Ayer)



O Objetivo aqui não é apenas criticar ou tecer elogios, mas sim buscar opiniões seguidas de sugestões para que tais críticas não se tornassem vazias, então, se chagamos a conclusão de que o automobilismo não vive seus melhores momentos, o que fazer para retornar a uma condição aceitável deste esporte:


Eu acho que a gente precisa mudar a cultura do país, a gente precisa aprender a planejar as coisas a longo prazo, só assim a gente vai decolar como nação, o Brasil tem uma capacidade tremenda dentro do esporte e outras áreas, porem a gente não consegue diante de toa a burocracia e diante desse cenário que a gente se encontra.
A Stock Car, ela obviamente é a maior categoria do automobilismo brasileiro, ela não está no seu auge, como esteve cinco, seis anos atrás, mas obviamente ela esta longe de estar numa situação como se encontra a Formula Truck hoje, mas a Stock Car vive grandes dificuldades por decisões erradas tomadas lá atrás, o evento precisa melhorar, o evento precisa se reinventar, eu estou já há nove anos na categoria e diversas ações que eram feitas quando eu entrei na categoria são mantidas até hoje e isso gera pouca atratividade, precisa inovar. Eu vim agora no começo do ano aqui nos EUA, fiz um tour ali em Charllote, conheci algumas equipes de Nascar, olhei um pouco da estrutura, fui a outros eventos como a NBA, enfim, olhando um pouco para tentar ter ideias e tentar trazer isso para o nosso esporte, to fazendo um Lounge numa carreta para que eu possa entregar isso como ativação para os meus patrocinadores, tenho carros de exposição e estou sempre tentando criar uma situação nova, fazer um atrativo novo pra que cada ano a gente possa oferecer algo diferente e trazendo estas novidades aos patrocinadores e a categoria por sua vez precisa fazer o mesmo.
(Átila Abreu)


Para começar precisamos de um representante no governo para defender o automobilismo, não tem muito que inventar e sim copiar coisas que deram certo, como na Argentina que o governo tira um leve percentual do importo das montadoras e repassa ao esporte a motor, mas isto bem acompanhado por projetos fiscalizados e controlados de forma que a corrupção seja a ultima a estar nos boxes.

A mentalidade tem que mudar, na Argentina os promotores correm atrás de patrocínios para serem divididos entre as equipes, para que as equipes tenham condições de chegar à pista com igual condições que as outras e assim por diante.
Na parte de jovens pilotos, se houver um planejamento correto, podemos concorrer sim no automobilismo mundial em igualdade de condições, se não financeiras, pelo menos técnicas.
(Mico Juan Carlos Lopez)


Entendo que para retomar o caminho do sucesso, se faz necessário, inicialmente uma grade reforma de conceitos. Vejo absolutamente todos eles fora de lugar. A meu ver, qualquer esporte demanda de uma estrutura organizacional, que deve invariavelmente contar com CABEÇA, TRONCO E MEMBROS. Esta ordem infelizmente foi atirada ao vento ao passar dos anos.

A meu ver que chamo de CABEÇA são os donos dos ativos. Sim aqueles que colocam seu capital em risco e buscam seu espaço para remunerar seus investimentos. No caso de nosso esporte, me refiro aos donos de equipes. Não os vejo como heróis, mas sim como empresários do ramo, eles são os CABEÇAS de tudo, é da iniciativa deles que sobrevive um automobilismo em que “hoje” poucos acreditam.

O TRONCO para mim são os patrocinadores e a mídia, os vejo limitados a pouco espaço dentro dos eventos, sem estes dois motores de impulsão, devidamente reconhecidos, nada ganha corpo neste esporte, tudo será sonho e zero de sustentabilidade.

Os MEMBROS, vejo os Pilotos, Promotores e a CBA, mas na minha visão, cada um deveria limitar-se a aquilo que a lógica e a hierarquia lhes confere.
(Oscar Chanoski)


Acho que a culpa do automobilismo estar assim não é do Brasil, você sabe mais do que ninguém, a gente sempre passou por crises, acho que a gente tem que fazer o nosso próprio mundo dentro do Brasil. 
Não adianta a gente continuar pensando da mesma maneira, vamos pensar um pouco diferente, todas as categorias do mundo, seja através de liga ou de federações, não importa, as que dão certo são as que pensam diferente, um bom exemplo é a Nascar, a Nascar esta diferente a cada ano, o formato, pra manter o custo baixo na Nascar, o custo operacional se mantém há anos, mas a imagem da categoria e os diferenciais que ela oferece dentro dos Estados Unidos é uma coisa impressionante, cada ano vai mudando, evoluindo o formato vai se adequando conforme o mundo vai mudando.
(Luciano Zangirolami)





Meu ponto de vista, acho que o principal desenvolvimento que a gente poderia ter seriam leis de incentivo governamentais, não acho que deva partir especificamente de CBA, não culpo a CBA pelo insucesso do automobilismo. Eu acho que se o nosso país tivesse leis de incentivo, como tem na Argentina, as montadoras se envolverem com o automobilismo através de leis de incentivo, eu acho que este seria um grande passo, o maior passo para o automobilismo se desenvolver.
(Thiago Marques)



Felizmente ainda existem pessoas que apostam neste esporte. A Própria Formula Inter é um bom exemplo disso, entrega um equipamento de primeira a um custo realmente baixo, auxilia os pilotos a conseguirem apoiadores para viver do automobilismo e ainda abre vagas especiais para pilotos sem recursos financeiros. Isto é prova de que ainda existe uma luz no fim do túnel e se houver interesse e boa vontade podemos virar esse jogo, talvez esta mesma boa vontade nas pessoas que estão na dianteira do esporte a motor seja o segredo para uma profunda mudança no cenário atual.
(Raphael Figueiredo)



Talvez um ponto convergente em todos os debates sobre automobilismo sejam as chamadas categorias de base, todos nos concordamos que sem uma boa base não chegaremos a lugar nenhum, é preciso entender também que nos dias de hoje, entrar no automobilismo visando a Formula 1 é um sonho cada vez mais distante, isso não só para nos brasileiros, como para jovens de toda parte do mundo, arrisco a dizer que entrar no automobilismo visando à própria Stock Car hoje em dia já é muito difícil, o que existe é um funil com uma imensa entrada e uma saída cada vez mais apertada, são centenas de pilotos hoje no Kart com objetivos claros na carreira de chegar a alguma categoria em que o grid gira em torno de 20 ou no Maximo 30 carros. Entre o kart e o objetivo final, existem poucas opções para realmente preparar bem um jovem piloto e algumas delas muita caras, outro problema é que hoje em dia quase nenhuma categoria permite treinos e como preparar um piloto sem treiná-lo?  Categorias de base, treinos e custos, também foram analisados pelos nossos convidados.



Na minha época as dificuldades não eram tão grandes, mas meu pai já teve a brilhante ideia de botar os dois no automobilismo (Ricardo Sperafico é irmão gêmeo de Rodrigo), já foi um grande pepino. Por aqui existia a Formula Ford, Formula Chevrolet e a Formula 3 Sul-americana. Mas optamos em pular estas etapas e fomos fazer um campeonato de inverno de Formula Ford Inglesa, isso em 96, 97. Pra se ter ideia era uma época que todo mundo estava desbravando a Inglaterra, nos morávamos em 14, 15 pessoas na Inglaterra, era eu, meu irmão, o Max Wilson, Ricardo Mauricio, Hover Orsi, Vitor Meira, todo mundo chegando era um momento fantástico. Então tanto aqui, quanto lá fora tínhamos varias categorias preparatórias.
(Rodrigo Sperafico)






Nós temos e vamos apresentar ainda este ano um projeto que esta sendo elaborado e que devera reestruturar a F3, não só nas pistas como também na preparação dos pilotos desta categoria, como uma academia de pilotos.

Outra medida que posso adiantar, é que estamos tentando viabilizar a F4, mas este projeto ainda esta em andamento.
(Waldner “Dadai”)





Nosso projeto era retomar as categorias que já existiam, Formula Ford, Volkswagen, Formula Chevrolet, Formula Renault etc. Regionalizar e depois reunir todos os estados e fazer um Brasileiro em uma semana.
(Milton Sperafico)






Regii, o texto é muito bom, mas você esqueceu o principal, treinos. Hoje para beneficiar alguém, não se pode treinar, como um jovem piloto pode competir em igualdade de condições com os pilotos veteranos ou mais experientes? 

Você pode falar que o Felipe Fraga é jovem, mas ele já esteve na Europa correndo de Formula e participou no nosso time de BMW durante mais de um ano, e lógico que nos treinamos bastante.
(Washington Bezerra)



Kartódromos tem diversos pelo país, bons, médios e ruins, e até o Kartódromo ruim por incrível que pareça, uma pista ruim pode ser um bom aprendizado, então na parte de base de Kart a gente ta bem apesar dos custos altos, o automobilismo desde a base é muito caro, você anda na rua e vê uma criança e pensa, de repente esse menino poderia ter o talento de um Ayrton Senna, mas isso a gente nunca vai saber se ele teria capacidade de ser um piloto diferenciado ou não, porque não tem condições nem de gastar para sentar num Kart in door.
Para Sprint aumentar o grid e melhorar como preparação dos pilotos, é ter um envolvimento maior com o Kart, eu tenho um envolvimento razoável, já conversei até com o presidente eleito da CBA e estamos com bons planos pra desenvolvimento do Kartismo para o carro e sem duvida o Sprint é o ideal pra isso, não é por que o produto é meu, mas não tem nada nem perto dele como escola, como o primeiro passo, primeiro que ele é um carro que serve pra turismo e pra formula, porque a posição do piloto é no nomeio do carro, o centro de gravidade é no chão praticamente, é muito parecido com um formula e ao mesmo tempo é um carro de turismo, então serve pros dois, a gente tem pilotos que vão fazer carreira de formula e que deram os primeiros passos no Sprint e saem de lá valorizando e reconhecendo que fizeram o certo.
(Thiago Marques)




Eu estou aprendendo muito com a Formula Inter, por incrível que pareça, por que, o Marcos que é o proprietário, ele se dedicou e estudou durante um ano todo o automobilismo americano, a Nascar e a Indy, e encontrou uma Formula. É um cara que pensa fora da caixinha, em minha opinião e aprendendo muito com ele, ele vem fazendo um automobilismo acessível e o mais importante que nunca ninguém fez, profissional, no que diz respeito a acesso, a ideologia é de ele manter estes custos em 14 mil reais e botar 60 carros no grid.
(Luciano Zangirolami)




Hoje, ainda o nosso Kart é uma das melhores escola do mundo, a única coisa é que se você vai fazer um mundial, tem que ter um período de adaptação, mas só, as oportunidades lá são maiores, cada pais tem 15 pistas, lá existem diversas categorias, hoje no Brasil o piloto vai sair do kart, ele só tem uma categoria como objetivo, que é a Stock Car, não tem mais aquela perspectiva de fazer três, cinco campeonatos visando uma Formula 1 que é quase impossível, a maioria no Brasil não tem esta perspectiva e a Stock Car hoje é o que temos no Brasil em termos de profissional.
(Rodrigo Sperafico)






Vejo muitas matérias e esforços na criação de escolas de Kart, e demais categorias de base, mas sempre me pergunto quando vejo tais iniciativas, não há uma estrutura organizacional clara, acho que as iniciativas são louváveis, porem tudo isso só fluirá naturalmente quando o Mundo Motor voltar a sentir confiança. Formar pilotos para que? Se não há organograma funcional claro, não temos porque formar pilotos com este horizonte em plena UTI.
(Oscar Chanoski)






As categorias de base não tem apoio, e quem deveria fazer isso seria a Confederação, através de incentivo, existem outros países, como a Alemanha, onde a Federação tem suas categorias de base e a própria federação acaba criando algum centro de desenvolvimento em trabalho com as montadoras e tudo isso gera receita para que se apoie e incentive o esporte, e nesse caso, o automobilismo desde cedo.
(Átila Abreu)



Hoje no Brasil contamos com duas categorias que podemos chamar de profissionais, porem, toda essa profissionalização acabou sendo confundida com elitização do esporte, não que esperemos que os custos para frequentar uma Stock Car ou uma Formula Truck devessem ser “populares”, mas raciocine comigo, o custo de um mesmo motor usado hoje na Stock Car é de aproximadamente 50 mil reais, isso para compra no mercado exterior, o mesmo motor hoje em dia é alugado por etapa da Stock Car por aproximadamente 15 mil reais, é lógico que tem alguma coisa que não bate, e este é só um exemplo, isso mostra que estas categorias hoje consideradas top, estão bem longe da realidade, e fica claro que fazer automobilismo no Brasil é mais caro que fazer na Europa. Alem disso problemas de administração estão levando a Categoria mais popular do nosso automobilismo a uma eminente extinção:


Os custos para fazer automobilismo na Europa é quase igual no Brasil, um campeonato de Blancpain GT3, por 1.600,000,00 euros, tem 10 corridas sendo 5 Sprint com duas corridas de uma hora por fim de semana e 5 de Endurance com três horas de duração, uma de seis horas e as 24h de Spa. No cambio de hoje daria mais ou menos 5.300.000,00 reais (dois carros). Só que você corre em Monza, Paul Ricard, Silverstone, Brands Hatch, Nurburgring, Hungaroring, Barcelona, Russia, Azerbaijão, Slovaqui, Misano e por ai vai. E com os melhores carros, podendo treinar quando quiser, são seis jogos de pneus na primeira prova e quatro na segunda. Se você analisar o numero de horas do campeonato e treinos, é quatro vezes maior que o que anda na Stock. Então é mais barato correr lá.
(Washington Bezerra)


Vamos falar da Stock Car que é a maior categoria do nosso automobilismo, em 2008 tinham uns 50 carros, Rede Globo ao vivo em todas as etapas e custava R$ 1.200.000,00, hoje, é transmitida pelo Sportv, e só aí nos estamos falando em 10 pontos a menos de audiência, e hoje custa R$ 3.000.000,00 para ser competitivo, ou seja, 10 vezes menos de audiência, custando três vezes mais, é uma conta que não bate para um empresário para o qual você irá pedir patrocínio. Não existe mais patrocínio hoje em automobilismo, como faz ali a CIMED e a EUROFARMA, são empresas de pessoas apaixonadas por corrida, nenhum deles sonha que terão retorno de mídia que cubra 3 milhões num carro, isso ai não existe, antes podia até ter uma chance de cobrir, mas hoje no formato que está, com 10 vezes menos de audiência e custando três vezes mais, a conta simplesmente não bate. Então hoje tem os dois apaixonados ali, que eu já citei, que tem meia dúzia de carros na categoria e que sustentam ali a principal categoria nacional, no dia em que eles acordarem de mau humor e resolverem parar com corrida acaba aí a Stock Car, provavelmente né, pelo menos ira sentir muito, como já vem sentindo ano a ano, trocando pilotos profissionais por pilotos ricos pagantes, isso acontece todo ano dês de 2008, cai dois, entre dois, então este é bem o resumo do nosso automobilismo é o que se passa na Stock Car.
A Porsche se você levar em conta, pô estamos falando de um Porsche um carro que custa 400 mil euros, como que uma categoria de Porsche custa 800 mil reais e a Stock Car que é um carro montado que vira mais lento que o Porsche é mais perigoso em termos de segurança custa quatro vezes mais? Aí tem falha em quem ta organizando o negocio né, pra encarecer o negocio desse jeito.
(Thiago Marques)



O Período que voltamos para o Brasil em 2003 a 2006, o Brasil descobriu a Stock Car, começou uma renovação na categoria e começou a voltar todo mundo de fora, com talento, conhecimento e experiência, foi um momento muito bom, todo mundo se divertia, a Stock Car estava se tornando muito profissional, e nos acabamos profissionalizando mais ela, trazendo coisas da Europa, mas chegou a um ponto que a coisa ficou tão profissional que começou a ficar cara, acabou ficando inviável pra muita gente, tanto é que muita gente abriu mão de correr.
(Rodrigo Sperafico)



Hoje a Stock Car sofre muito por questões do passado, exemplo, hoje a Shell se quiser fazer um camarote, que custa lá seus 40 mil reais para você levar até 70 pessoas, você pode envelopar tudo com a sua marca, uma Shell não pode colocar sua marca do lado de fora, por que a Petrobrás é patrocinadora do evento e veta tudo isso, então acho assim, ok, para a VICAR é interessante ter uma Petrobrás patrocinando o Evento, faz total sentido, mas as outras empresas petrolíferas não podem usufruir de outras propriedades, eu acho assim, que a VICAR vende uma propriedade de fornecedora oficial com patrocínio para a Petrobrás, mas você não pode impedir que outras empresas façam, vide a Nascar, lá cada propriedade é vendida para uma empresa e estas empresas as vezes são concorrentes entre si, mas é isto que faz fomentar, se eu crio uma ativação interessante, ou o meu concorrente cria algo interessante, para eu superar ele, eu preciso fazer algo ainda melhor, só que hoje a VICAR não deixa que isso aconteça, ela vai te bloqueando cada vez mais e isso incentiva a fazer menos, isso precisa mudar, eu já conversei com eles, lógico, o que foi feito no passado foi feito errado, mas se não se colocar um ponto final hoje, a gente vai sofrer com isso pelo resto da vida, as coisas precisam mudar, se foi feito errado no passado, precisa ser corrigido. Eu acho que é esse pensamento que a gente precisa mudar, se reinventar, se desapegar de algumas coisas que foram criadas no passado, algumas filosofias até porque o mundo e toda a tecnologia envolvida esta mudando constantemente e se a gente não se reinventar, se a gente não ficar acompanhando todo o tempo, a gente fica para trás e ficando para trás o futuro a gente já sabe, é se tornar cada vez pior, uma categoria cada vez menor, com menos expressão dentro do cenário nacional, então eu batalho muito por isso e acredito muito que a gente vai sair, mas tem que ser um trabalho conjunto, não é uma pessoas só que vai fazer.
(Átila Abreu)



Hoje um pneu custa sete, oito mil reais, em qualquer categoria aí, isso é um absurdo, só que este pneu não custa isso, na realidade todo mundo tem um pedaço dele entendeu? Em cada jogo de pneu você vê ai seis, sete bocas mamando na teta, antigamente não tinha isso, o automobilismo não era um negocio que o cara só via dinheiro na frente. Hoje todo mundo tem uma mordida, no pneu, no motor, no combustível, é na inscrição, é no clube, todo lugar é uma mordida forte sabe. Ai vou mais adiante, quando eu fui para a Formula 3, no ultimo ano que eu andei, eu tinha equipe própria, a gente viajava aí com pouca grana, com 5 mil dólares por mês você fazia uma etapa, hoje com 5 mil dólares você não compra um jogo de pneu da etapa, então estas coisas é que tem que buscar o que esta errado. Então é difícil você mensurar tudo isso, onde está, onde se perdeu, o que aconteceu.
(Djalma Fogaça)





Quantas equipes de Stock Car existem hoje em São Paulo? Somente uma, quando desde sua formação São Paulo era o berço da Stock Car, com pelo menos oito equipes e sete preparadores de motor. Eles mataram todas as nossas equipes com este regulamento de um único preparador, tornaram os preparadores engessados com regulamentos onde quase nada pode ser mexido no carro.
(Washington Bezerra)



A Formula Truck hoje passa por diversos problemas, você vê hoje uma categoria rachada, simplesmente porque esta sendo gerida por uma pessoa que não conhece nada da promoção do evento, e a Formula Truck sempre teve as suas particularidades, muitas destas particularidades foram criadas a vinte anos atrás e hoje não servem mais, então foi uma categoria que não se modernizou, ficou para trás, com regras antigas, e mesmo assim hoje eu ainda te falo que ela é uma joia a ser lapidada, se vai dar tempo de acontecer isso eu não sei mas é a única categoria verdadeiramente de marcas no Brasil.
(Djalma Fogaça)


CBA, três letras, inúmeras manifestações, muitas de insatisfação, mas qual a verdadeira função da Confederação Brasileira de Automobilismo, seu peso sabemos bem, nos últimos dias foi capaz de congelar o Campeonato Brasileiro de Formula Truck e tivemos uma clara demonstração de seu poder, mas e de suas atribuições? Seria ela além de órgão regulamentador das competições automobilísticas responsável por tirar o automobilismo da condição pouco animadora em que se encontra e mais seria ela a responsável pelo automobilismo estar como está? Vejamos como os convidados entendem:




Eu não tenho muita experiência de causa sobre a CBA e sobre a forma como ela vem tratando o automobilismo no Brasil, porem a parte que me cabe é opinar sobre aquilo que vivencio nesses 4 anos que tenho buscado apoio como piloto de Kart e agora como piloto da Formula Inter. Não é só a CBA, na verdade eu como atleta nunca tive nenhum tipo de apoio de nenhum órgão publico ou privado, nem da minha cidade, nem do estado muito menos do Governo Federal.
(Raphael Figueiredo)






A gente vai ter um envolvimento maior da CBA nesta próxima configuração de poder, nos realmente fizemos algumas coisas, mas acho que da para fazer mais. Eu reconheço e insisto que eu nunca tive nenhum problema com a CBA seja no comando do Cleyton, tive uma base muito boa inclusive, através do Rubens Gatti, que apoiou muito a categoria, na Federação Paranaense, não tenho do que me queixar.
(Thiago Marques)






A presidência da CBA esta mudando e vamos torcer para que o novo presidente seja um pouco mais dedicado que se relacione melhor com nossos governantes e brigue por leis que façam com que as indústrias automotivas voltem a fortalecer o esporte.
(Rafael Lupatini)








Escrevi antes de receber a matéria da Folha de São Paulo falando sobre o Pinteiro e o gasto de 770 mil com uma empresa de uma parente dele, portanto, diante de mais essa acusação de falcatrua, desvio de dinheiro na CBA, quero completar dizendo: “pensei que o Pinteiro era só incompetente”.
(Eduardo Homem de Melo)



Basta analisar como exemplo recente, o conflito e queda de braços entre CBA e Formula Truck. Uma historia de sucesso de duas décadas, sendo questionado por um órgão teoricamente regulador, que passa a interessar-se por um gigantesco negocio de propriedade particular, o qual, como tantos, tem o direito de lutar e superar um período de turbulência nacional que afeta a todos, por motivos políticos/econômicos que aqui não deveriam tomar espaço.
Obrigatoriamente a CBA deveria tomar a iniciativa, dar sinal de vida, e criar um canal de comunicação, para dar inicio a formas conceituais. Acho que com trabalho árduo na busca de lei de incentivo a patrocinadores, com prestação de contas mensais no site da CBA, balancetes e metas transparentes, uma luz no fim do túnel devera renascer. Enfim a CBA precisa parar de falar quanto tem em caixa, não herdar esse discurso de administrações anteriores, mas sim prestar contas do volume e o destino destes fundos arrecadados, quer seja através de inscrições de pilotos, quer seja de outras fontes, que alias precisam urgentemente ser exploradas de forma imediata
(Oscar Chanoski)



A gente tem agora uma associação de pilotos, criada pelo Giaffone e teve uma grande aderência e que vem batalhando justamente pra isso, para que a gente consiga acompanhar melhor as contas da CBA, criar alguns pacotes de projetos junto ao governo, ter alguns incentivos na hora de comprar peças, para investir em categoria de base, então acho que a associação vem para isso, é uma tentativa, um trabalho conjunto, mas só isso também não vai resolver, é preciso todas as áreas pensarem em prol do esporte para que a gente passe esta fase.
(Átila Abreu)    


Se você chegou até aqui, parabens, você mostra que gosta mesmo de automobilismo. Esta foi uma pequena amostra do que pensam estes personagens que vivem o automobilismo em seu dia a dia, nos proximos dias estaremos postando todos os depoimentos na íntegra, mais ideias, criticas construtivas, desabafos, enfim, acredito que com este primeiro passo, começaremos a realmente discutir o automobilismo.
                 

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Qualquer piloto que ingresse no Kart, com raras exceções, tem como objetivo uma carreira no automobilismo, num primeiro momento não há piloto jovem ou pai de piloto que não tenha se imaginado, ou imaginado o filho, chegando a Formula 1. Lamento dizer, mas este sonho se torna cada vez mais difícil de alcançar e por muitos motivos. Um deles é a falta de planejamento e de alternativas que devem ser pensadas já no inicio da carreira no Kart.  Pais, managers e treinadores devem ter em mente e passar isso ao piloto, que embora o sonho seja a Formula 1, existem outras categorias espalhadas pelo mundo onde se pode ser profissional e viver de automobilismo, e mesmo seguindo com o sonho de chegar ao topo, existem etapas que devem ser respeitadas ainda dentro do automobilismo nacional a fim de ganhar experiência e progredir de maneira que cada degrau seja vencido rumo ao objetivo traçado. Nesta primeira parte, vamos mostrar algumas alternativas para quem pretende seguir carreira no automob

Piloto é Atleta?

Como sempre, um assunto é noticiado, o sensacionalismo é feito, a pseudo “imprensa” acompanha, porem pra cada fato novo, cada morte nas pistas, cada burrada da Confederação, é bem comum os “jornalistas” apontarem um fato, focarem no acontecido e bater na mesma tecla até aparecer outro fato. O difícil é ver alguém disposto a discutir fatos, dar soluções levantar questões. O assunto da ultima semana foi um novo caso de doping no Automobilismo, mais não parece estranho o próprio termo “doping no automobilismo”? Pouca gente sabe, e os sensacionalistas se “esquecem” de explicar que as leis anti-doping mundiais, as quais a FIA e CBA obedecem, foram criadas para impedir que “atletas”, pudessem levar vantagem em competições sobre outros “atletas”, através do uso de substancias que de alguma forma, aumentem a resistência ou potencia física. Atleta: 1 Pessoa dedicada a pratica de exercícios físicos; ginasta. 2 pessoa que pratica esportes, jogador; esportista. 3 pessoa robusta. (Dicionário Luf

William Starostik: suspenso por 30 dias.

O ultimo comunicado da CBA, convocando empresas para Promover o Campeonato de Caminhões causou tanto alvoroço que outro comunicado, este do STJD, acabou passando quase despercebido. Segue comunicado: O que me estranha em todos estes casos de doping, e não são poucos, é que as punições quase sempre vêm em períodos de recesso dos campeonatos ou em que o Piloto em questão não esta disputando campeonato algum. Chamam isto de afastamento preventivo, tudo bem, pode ser que estejam esperando a contraprova para realmente atestar uso de substância indevida. Mas e se a contraprova der negativo? Neste caso o piloto já foi exposto, porem e se realmente for atestado positivo. Já que os trinta dias de afastamento contam na pena principal, que pode ser de 1 a 12 meses. Digamos que a pena fosse de 1 mês de afastamento, então o piloto já a teria cumprido durante o afastamento preventivo certo? Aí eu pergunto; Tem campeonato Brasileiro de Marcas rolando durante estes trinta