Li o texto, achei muito bacana,
concordo com a linha de raciocínio em quase todos os pontos.
O comentário
que eu faço e a visão que eu tenho, ela é um pouco diferente, porque eu não
acho que é o automobilismo que esta morrendo, eu acho que é o esporte no Brasil
que esta morrendo, eu fico indignado ao ver um país do tamanho do Brasil, com
proporções territoriais onde um país Europeu é do tamanho de um estado do
Brasil, e numa Olimpíadas, um país como a Alemanha, que tem o tamanho de alguns
estados nossos, consegue muito mais medalhas que nosso país todo. A gente vê o
Futebol que é o esporte que tem o maior destaque, nossa maior tradição dentro
do esporte e a seleção brasileira já não é mais como foi em décadas passadas. A
gente vê outros esportes ai também, basquete, vôlei que a gente ainda briga,
mas não como antigamente, então tem diversas outras modalidades que a gente
acaba nem figurando.
O Cesar Ciello que você citou no
seu texto, quem patrocinou o Ciello até ele chegar aonde chegou? Foi a família
dele e a partir do momento que ele começou a ter resultado aí sim apareceram
algumas empresas pra investir e tentar surfar a onda do que ele tinha
conquistado, só que o Cesar Ciello é um em um milhão, mas quantos outros
grandes talentos acabam não seguindo o mesmo caminho né, e por que acontece
isso, porque o país não tem a cultura de apoiar o esporte, a gente não tem o
costume de pegar alguma coisa e fazer bem feito, tudo se começa e para pela
metade.
Exemplo, Autódromo de
Jacarepaguá, ok, foi destruído, todos nos do automobilismo ficamos indignados
com isso, mas foi feito um parque Olímpico lá, do qual outras diversas
modalidades poderiam usufruir daquilo no futuro, se isso fosse verdade até
seria aceitável perder o autódromo pensando no legado que isso deixaria, mas a
gente viu recentemente em uma matéria na Rede Globo, que o Parque Olímpico está
jogado às traças, a piscina ta juntando dengue, totalmente largado, abriram o
parque ao público e ficaram todos indignados, materiais das Olimpíadas ainda
lá, então é isso que acontece, tudo no nosso país começa e para na metade,
diversos escândalos financeiros, corrupção e tudo mais e as coisas vão ficando
pelo caminho.
No automobilismo acaba não sendo
diferente, a gente teve alguns casos aí da CBA, recentemente, envolvida em
escândalos de corrupção, que denigre a imagem, mas não é nenhuma novidade,
porque vários outros esportes também se encontram na mesma situação, e a gente
precisa de alguém que realmente resolva por um ponto final nisso, o que
aconteceu, aconteceu, mas daqui pra frente faça diferente, mas enquanto isso
não acontecer, enquanto ainda houver conchavos, a gente vai ficar nessa mesma
situação por muito tempo. As categorias de base não tem apoio, e quem deveria
fazer isso seria a Confederação, através de incentivo, existem outros países,
como a Alemanha, onde a Federação tem suas categorias de base e a própria
federação acaba criando algum centro de desenvolvimento em trabalho com as
montadoras e tudo isso gera receita para que se apoie e incentive o esporte, e
nesse caso, o automobilismo desde cedo.
Eu acho que a gente precisa mudar
a cultura do país, a gente precisa aprender a planejar as coisas a longo prazo,
só assim a gente vai decolar como nação, o Brasil tem uma capacidade tremenda
dentro do esporte e outras áreas, porem a gente não consegue diante de toda a
burocracia e diante desse cenário que a gente se encontra.
A Stock Car, ela obviamente é a
maior categoria do automobilismo brasileiro, ela não está no seu auge, como
esteve cinco, seis anos atrás, mas obviamente ela esta longe de estar numa
situação como se encontra a Formula Truck hoje, mas a Stock Car vive grandes
dificuldades por decisões erradas tomadas lá atrás, então hoje para mim, um
grande problema da Stock Car, o evento precisa melhorar, o evento precisa se
reinventar, eu estou já há nove anos na categoria e diversas ações que eram
feitas quando eu entrei na categoria são mantidas até hoje e isso gera pouca
atratividade, precisa inovar. Eu vim agora no começo do ano aqui pros EUA, fiz
um tour ali em Charllot, conheci algumas equipes de Nascar, olhei um pouco da
estrutura, fui a outros eventos como a NBA, enfim, olhando um pouco para tentar
ter ideias e tentar trazer isso para o nosso esporte, estou fazendo um Lounge
numa carreta para que eu possa entregar isso como ativação para os meus
patrocinadores, tenho carros de exposição e estou sempre tentando criar uma
situação nova, fazer um atrativo novo para que cada ano a gente possa oferecer
algo diferente e trazendo estas novidades aos patrocinadores e a categoria por
sua vez precisa fazer o mesmo.
Hoje a Stock Car sofre muito por
questões do passado, exemplo, hoje a Shell se quiser fazer um camarote, que
custa lá seus 40 mil reais para levar até 70 pessoas, você pode envelopar tudo
com a sua marca, só que uma Shell por exemplo, não pode colocar sua logomarca
do lado de fora, por que a Petrobrás é patrocinadora do evento e veta tudo
isso, então assim, ok, para a VICAR é interessante ter uma Petrobras
patrocinando o Evento, faz total sentido, mas as outras empresas petrolíferas
não podem usufruir de outras propriedades, eu acho assim, que a VICAR vende uma
propriedade de fornecedora oficial com patrocínio para a Petrobras, mas você
não pode impedir que outras empresas façam, vide a Nascar, lá cada propriedade
é vendida para uma empresa e estas empresas às vezes são concorrentes entre si,
mas é isto que faz fomentar, se eu vou lá e crio uma ativação interessante, ou
o meu concorrente cria algo interessante, para eu superar ele, eu preciso fazer
algo ainda melhor, só que hoje a VICAR não deixa que isso aconteça, ela vai te
bloqueando cada vez mais e isso incentiva a fazer menos, isso precisa mudar, eu
já conversei com eles, lógico, o que foi feito no passado foi feito errado, mas
se não se colocar um ponto final hoje, a gente vai sofrer isso para o resto da
vida, as coisas precisam mudar, se foi feito errado no passado, precisa ser
corrigido.
Eu acho que é esse pensamento que
a gente precisa mudar, se reinventar, se desapegar de algumas coisas que foram
criadas no passado, algumas filosofias até porque o mundo e toda a tecnologia
envolvida esta mudando constantemente e se a gente não se reinventar, se a
gente não ficar acompanhando todo o tempo, a gente fica para trás e ficando
para trás, o futuro a gente já sabe, é se tornar cada vez pior, uma categoria
cada vez menor, com menos expressão dentro do cenário nacional, então eu
batalho muito por isso e acredito muito que a gente vai sair, mas tem que ser
um trabalho conjunto, não é uma pessoas só que vai fazer.
A gente tem agora uma associação
de pilotos, criada pelo Giaffone e teve uma grande aderência e que vem batalhando
justamente pra isso, para que a gente consiga acompanhar melhor as contas da
CBA, criar alguns pacotes de projetos junto ao governo, ter alguns incentivos
na hora de comprar peças, para investir em categoria de base, então acho que a
associação vem pra isso, é uma tentativa, um trabalho conjunto, mas só isso
também não vai resolver, é preciso que todas as áreas, pensem em prol do
esporte para que a gente possa passar desta fase.
(Átila Abreu)