A quase trinta anos que acompanho
o automobilismo, e claro, menos de vinte que adquiri um senso critico próprio,
sem me deixar levar pelo que falam ou escrevem os colegas da imprensa
especializada. Aprendi a ter uma visão própria, tanto do esporte em si, como
das pessoas que o fazem. A minha mais
recente duvida é se realmente temos algum piloto de verdade atuando no Brasil
ou no exterior, e o que chamo de piloto de verdade, é aquele que se destaca dos
demais desde a primeira vez que senta num kart. O Brasil, que eu mesmo algumas
vezes chamei de celeiro de campeões, já não é mais nem sombra do que fora a
duas décadas atrás. Desde 1970 quando da estreia de Emerson Fittipaldi, a Formula
1 teve apenas 5 temporadas em que nenhum piloto Brasileiro foi ao pódio. Nosso
ultimo pódio foi na Correia em 2010 com um terceiro lugar de Felipe Massa, e
não é novidade para ninguém que muito provavelmente este ano também não teremos
chance de ver a nossa bandeira em nenhuma das três posições. Mas o intuito aqui não é fazer criticas a
Massa, Rubens ou qualquer outro piloto da Formula 1, inclusive eu que saio
sempre em defesa do verdadeiro feito de se chegar a Formula 1, partindo de um
país que nada faz pelo nosso esporte. Ao invés de criticar, vamos analisar,
puxar pela memória, e ver se algum piloto em atividade no Brasil ou fora dele, poderia ser
ao menos chamado de diferenciado.
Começando pelo Brasil e naquela
que se orgulha em rotular a si própria de “a maior categoria do automobilismo
nacional” a Stock Car, que poderíamos chamar de diferenciado? Cacá Bueno
talvez, sim um ótimo piloto, gostem ou não, esta sim acima da media. Porem
voltando rapidamente a Formula 1, Fernando Alonso esta nos ensinando uma
importante lição, a de que piloto bom se reconhece quando sentado em carro
ruim. O tetracampão Cacá pode sim ser considerado um bom piloto, porem nos anos
em que teve um carro para ser vice-campeão foi apenas o vice. Max Wilson,
Ricardo Mauricio e Thiago Camilo também podem ser considerados diferenciados,
mas nenhum deles tanto quanto Ingo Hoffman. E é aí que a coisa pega, em qualquer
categoria de que falemos, os pilotos mais antigos sempre se sobressaem e não
por uma questão de saudosismo de minha parte, mais sim pela precariedade de
equipamentos, que a três décadas atrás dispunham de muito pouca ajuda tecnológica
e muito mais dependiam do feeling do piloto. Hoje em dia basta o piloto parar o
carro no Box, ligar alguns cabos e um notebook e pronto, todos os
dados estão ali, ele não precisa tentar conhecer o carro enquanto pilota, ele
só precisa manter o carro na pista, e muitas vezes ainda falham nessa missão
simples. É fácil chegar à conclusão de que no Brasil e fora dele, temos bons
pilotos e só, nomes como de Felipe Nasr nos chamam a atenção, mas ele ainda
esta em um ponto, aonde muitos outros brasileiros chegaram e foram alem,
verdadeiras promessas, algumas se perderam em carros ruins, outros não se
mostraram fortes o bastante, mesmo pilotando carros como Williams, Ferrari e Renault,
casos de Felipe, Rubens, Pizzonia, Burti (testes).
Se partirmos para a Formula 1,
não consigo identificar em nenhum piloto do Grid, alem de Fernando Alonso, a
capacidade de extrair do carro o máximo e mais um pouco, e não é só pelo inicio
desta temporada, desde a Renault, até mesmo na passagem pela McLaren onde suas
informações e acertos eram copiados para o carro de Hamilton. Alonso é o tipo
de piloto que sempre vai trazer um resultado acima do esperado, sempre. Outro
que também conseguia algo parecido, mas que sempre teve um bom carro, o que
mascara um pouco esta característica era Schumacher mas como disse, sempre teve
equipamentos bons desde a Benetton.
Campeões ou não, pilotos “puro sangue” sempre existiram mais em um
numero muito inferior aos de aventureiros, abastados ou guerreiros sem armas
adequadas, e a cada dia diminuem. Como não se lembrar de Alessandro Zanardi,
hoje sem as duas pernas, perdidas em um acidente na Indy, pilotando tão bem
quanto antes, me sinto insultado, quando algum jovem piloto se diz estar mais
lento porque sofreu uma batida grave, ou mesmo o caso da mola de Felipe Massa.
Há quem ainda espere um novo
Senna, um novo Prost ou um Fangio mas honestamente acho que na Formula 1 Alonso
é o “ultimo dos moicanos” e no Brasil o espaço de gênio já foi ocupado por
Senna, embora eu prefira Piquet. Estamos
caminhando para o fim dos grandes pilotos em favor de verdadeiros videogames,
onde o piloto, ou motorista, tenha apenas de mover o volante para um lado e
para o outro, é Xis, bolinha, quadrado e triangulo, R1, R2, L1 e L2 e qualquer
semelhança com o Playstation que você tem em casa,não é mera coincidência.
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