O triste fim da temporada 2011 da Indy, marca também o fim da trajetória de um grande Piloto, Dan Wheldon, coloca um ponto final na carreira do atual campeão das 500 milhas. A perda é irreparável, inexplicável, inconsolável, talvez a exemplo de Ayrton Senna, devesse-mos nos conformar ao saber que ele se foi fazendo o que gostava de fazer. Mas não é tão simples assim e a perda é sempre perda, e neste caso a perda é total.
Fosse no Brasil, hoje estava decretada a temporada de caça as bruxas, numa busca por culpados por algo que simplesmente acontece, porem nos Estados Unidos como tudo é muito pratico, houve tempo ainda durante a mesma prova, de se fazer uma justa homenagem ao jovem piloto de 33 anos, uma seqüência de cinco voltas em formação de re-largada em memória do recém falecido amigo. Particularmente, acho os americanos práticos demais até, então resolvi me americanizar por um instante, e ser também pratico com relação a alguns fatos, então lá vai.
A bandeirantes, detentora no Brasil dos direitos de transmissão da Indy, durante um momento que hoje choca e chama atenção do mundo, hoje corre atrás de imagens de outras emissoras do mundo, pois não estava transmitindo a corrida final do campeonato, nem em seu canal por assinatura, julgando assim que seria uma corrida sem “audiência” apenas por não ter nenhum brasileiro disputando o título. Imaginemos agora a GLOBO, deixando de transmitir a fatídica prova de Imola, apenas por não ter nenhum brasileiro em condições de disputa naquele momento. O grupo Bandeirante gasta uma fortuna por temporada para ter o direito de “não transmissão” do evento, numa profunda falta de respeito com os telespectadores que acompanham o campeonato independente se algum conterrâneo tem ou não chances de vitoria, pois acompanham o esporte e não os esportistas. A band também perdeu ontem, e muito.
A Indy perde, e perde naturalmente, pois embora os espectadores adorem ver as batidas e acidentes durante as provas, morte ninguém quer ver, e isto afasta as pessoas das pistas por um tempo. Enfim, todos perdem, a perda é total, é geral. A maior perda é a da família Wheldon mais incompreensivelmente é a que vai assimilar mais rápido, e quem é piloto ou parente de piloto sabe do que estou falando, pois o convívio com o perigo, com a morte, é constante, a cada vez que se senta num carro de corrida, por mais seguro que seja, não se senta naturalmente, senta-se num carro de corrida, como se fosse a ultima vez, pilota-se o mais rápido que se pode, como se fosse a ultima vez, busca-se os milésimos de segundos como se fossem os últimos suspiros de uma vida, é justamente este o momento em que se sentem mais vivos.
Se pudesse descrever o que se passa na cabeça de um piloto nestes últimos segundos de vida, acho que pensam na família, na trajetória até aquele ultimo momento e no ultimo instante pensam apenas: “Não vou mais correr...”
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