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Bortoleto NÃO é o Brasil na Formula 1.


 Antes que os mesmos erros desde o fim da era Senna se repitam, é bom esclarecermos alguns pontos sobre a estreia de Gabriel Bortoleto.

Na sua opinião, quantos títulos mundiais de pilotos o Brasil possui na Formula 1? Na opinião de muitos a resposta é oito, na de Felipe Massa certamente a resposta é nove. Na verdade, a reposta para a esta pergunta é zero. O Brasil não possui nenhum título na Formula 1.

Sem me alongar muito nesse ponto, apenas deixemos claro que, diferente do Futebol onde a CBF, mesmo sendo uma entidade privada, recebe recursos federais, ou mesmo esportes Olímpicos, onde em períodos de jogos recebem recursos e atletas são “incentivados” financeiramente em centenas de milhares de reais para cada medalha conquistada. Uma vez que recursos federais são usados para financiar tais campeonatos e jogos, recursos oriundos de impostos, sim, podemos bater no peito e dizer que somos pentacampeões de futebol sem ao menos dar um chute numa bola. Ou até ostentar uma medalha de ouro imaginaria na ginastica sem termos dado sequer uma cambalhota. Dito isso, voltemos a Formula 1.

O automobilismo, embora conte também com uma entidade, embora esta entidade até tente apoiar de alguma forma o esporte de base, é um esporte que para ser praticado, do Kart a Formula 1, conta 100% com a apoio da família e de algumas empresas. Por isso é que, quem tem títulos na Formula 1 são, Emerson, Piquet, Senna e quem sabe um dia o próprio Felipe Massa.

Estima-se que o valor gasto em uma carreira do Kart a Formula 1 chegue a custar entre 120 e 140 Milhões de reais. Basicamente é aproximadamente o que a Família de Gabriel Bortoleto e seus apoiadores tiveram que desembolsar até o momento para que o jovem e excelente piloto, passe a figurar entre os vinte pilotos do grid da Formula 1 tendo zero de apoio público.

Mas a onda já está se formando, a “pátria de sapatilhas” começa a efervescer, o “brasil” está de volta a categoria máxima do automobilismo mundial. Se posso dar um conselho ao próprio Bortoleto, seu pai Lincoln, e a todos que o cercam, perguntem para o Rubens, ele conhece exatamente a sequência de eventos. Primeiro irão alça-lo a condição de novo ídolo do esporte, este papel é da imprensa, em seguida o mesmo público que se orgulha em dizer que deixou de ver Formula 1 depois da morte do Ayrton, ou os mais jovens que conheceram a F1 pela Netflix, compram a ideia e depositam num piloto da Sauber todas as suas esperanças. Por obvio, o máximo que acontece é andar uma ou outra corrida na frente do companheiro de equipe. Até no máximo junho ou julho, esse mesmo público iniciará as chacotas que Barrichello e Massa conhecem tão bem.

Ainda que seja um desejo do próprio Bortoleto representar o Brasil na Formula 1, e isso é valido, é preciso também ter em mente que estas mesmas pessoas que ele planeja representar, irá cobrar dele algo que, num primeiro momento ele absolutamente não poderá entregar. Culpa disso é da própria mídia, quer um exemplo? O tricampeão mundial Ayrton Senna só teve um programa especial na TV aberta após seu primeiro título de Formula 1, Gabriel já teve seu primeiro especial antes mesmo de fazer seu primeiro teste na Sauber.

A transmissão da Formula 1, atualmente na Band, até poderia ser considerada “imune” de todo o “pachequismo” global, não estivesse lá a mesma equipe que certa vez comemorou um sexto lugar de Massa, sobre um oitavo lugar de Fernando com a frase “chupa Alonso”.

Gabriel Bortoleto, por tudo que mostrou até aqui, pelo potencial que tem de chegar muito longe na Formula 1, realmente merecia que suas corridas nem fossem transmitidas na TV. Quem sabe se as coisas voltassem a ser como na época de Emerson Fittipaldi, esse menino de ouro, tivesse paz para fazer o que sabe na pista, sem ser engrandecido pela mídia, nem diminuído pelo público, apenas ser o Bortoleto de sempre.

Infelizmente é preciso que ele seja o “brasil” na Formula 1, para a audiência aumentar, para os anunciantes comprarem cotas e para a Band seguir com os direitos de transmissão. No fundo ninguém liga se ele será o novo Senna ou o novo Rubinho, o importante é segurar a audiência. Nem que pra isso seja preciso comemorar um decimo nono lugar mandando um “chupa Hülkenberg”.


Comentários

  1. Um pouco maldoso o texto, acredito que sim, levará "hate" caso não consiga boas performances,.o brasileiro exige muito, até porque teve 3 brasileiros campeões mundiais. E eu acho que é o Brasil sim, ah não ser que todo o investimento não venha do Brasil, é com brasileiro lá, com certeza vai ter muito engajamento na página, muita gente comprando coisas da equipe e consequentemente ajudando, obviamente nada disso pagará os custos que são de colocar u piloto na F1.

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