Pular para o conteúdo principal

Ficamos mal acostumados?

 Estamos mal acostumados? O sucesso adquirido com os títulos de Fittipaldi, Piquet e Senna teriam nos subido a cabeça?
Seja na Formula 1 ou em qualquer outro esporte de alto rendimento o que fica são os resultados, será que numa visão fria da passagem de nossos pilotos na Formula 1 tivemos realmente este sucesso todo? Até que ponto o numero de títulos na Categoria faz de um país uma potencia no esporte? Não vamos nos esquecer de que até poucos anos atrás o maior vencedor da Formula 1 era Argentino e hoje vemos o país vizinho muito bem resolvido internamente em seu automobilismo, porem sem nenhuma expressão no exterior. E o que dizer de Michael Schumacher que sozinho deu 7 títulos à seu país, isso faz da Alemanha uma super potência, ou de Schumacher um super piloto? Vamos analisar os números de nossos pilotos e tirar cada um a sua conclusão.
Desde a estreia do primeiro piloto Brasileiro a disputar um grande prêmio de Formula 1, em 1951 com Chico Landi, o Brasil não parou mais de mandar pilotos para lá, foram até hoje 30 pilotos que na somatória de todos os GPs individuais disputados por cada piloto chegamos ao impressionante numero de 1.823 corridas disputadas. Destas corridas, 125 tiveram um Brasileiro largando na Pole-position e resultaram em 101 vitorias. Números excelentes? Nem tanto, considerando que estas 101 vitórias ficaram nas mãos de um seleto grupo de 6 pilotos. Também resultaram em 8 Títulos Mundiais, porem com um numero ainda mais reduzido de agraciados, apenas 3, que conhecemos muito bem, Fittipaldi, Piquet e Senna.
Quando o assunto é pódio o leque se abre um pouco mais, mas nada muito expressivo, os 282 pódios foram divididos entre 9 dos nosso pilotos. Os 2.571 pontos marcados até hoje na Formula 1 por nossos pilotos estão divididos num numero de  19 pilotos, o que sim é muito bom, mas também significa que 11 dos pilotos que por lá estiveram, não foram competitivos ou não tiveram equipamento capas de marcar sequer 1 pontinho, e isto significa 33% dos pilotos que estiveram por lá.
E como era o automobilismo Brasileiro na época em que os campeões, Emerson, Nelson e Ayrton conquistaram seus títulos?
Emerson Fittipaldi em 1967 foi campeão da Formula Vê, mas o automobilismo de Formula no país naquela época era praticamente inexistente, já em 1969 ele estreava numa corrida internacional na Formula Ford e em seguida a Formula 3 Inglesa e finalmente a Formula 1. Grande parte da experiência que obteve, Emerson conquistou fora das pistas Brasileiras.
Piquet foi campeão Brasileiro de Kart em 1971 e 1972, já em 1976 foi campeão da então Formula Super Vê, e a exemplo de Emerson Fittipaldi, mudou-se para a Europa onde correu na Formula 3 Inglesa em 1978 quando foi Campeão batendo o Record de Jack Stewart com o maior numero de vitórias em uma temporada.
Ayrton Senna foi campeão Brasileiro de Kart em 1977, 1978 e 1980, também foi campeão Sul Americano de Kart em 1978 e 1980. Já no exterior foi campeão de Formula Ford Inglesa, campeão Europeu e Britânico de Formula Ford 2000. Em 1983 foi campeão da Inglês de Formula 3 e em 1984 iniciou na Formula 1 a carreira que o mundo conheceu.
Notaram algo em comum na carreira dos nossos Campeões Mundiais? Sim vai contra tudo o que pregamos hoje, que precisamos de categorias de base, e claro que sim, precisamos e muito, mas não foi isto que tornou Emerson, Piquet ou Senna os Campeões que foram, foi a persistência comum nos três, foi o amadurecimento forçado num país que não é o seu e muita, muita garra mesmo.
Curiosamente, nos anos áureos do nosso automobilismo de Formula no Brasil, não conseguimos fazer nenhum campão de formula 1, tivemos a Formula Ford, Formula Chevrolet, Formula 3 e Formula 3 Sulamericana, pouco depois a Formula Renault, ou seja, um verdadeiro vestibular na formação de pilotos, e formamos pilotos excelentes, porem lá fora o automobilismo também estava mudando, se tornando muito político, um verdadeiro negócio onde o talento da época dos nossos campeões já não fazia tanta diferença quanto os negócios envolvidos por trás da Formula 1. Uma vaga na categoria foi ficando cada vez mais disputada, o que obrigou nossos pilotos a aceitar pilotar carros sem nenhuma chance de vitoria para não ver a oportunidade passar. Talento? Tivemos muitos, o maior foi Rubens Barrichello que soube aproveitar a fase do automobilismo no Brasil, foi sem duvida o piloto que deixou o Brasil melhor preparado.

Hoje discutimos a categoria de base como se fosse a única esperança de vermos pilotos chegando à Formula 1, eu diria que não é, precisamos ter categorias que preparem jovens pilotos não só para a Formula 1, mas também para outras competições como DTM, WTCC, INDY e até Nascar, pois o funil para a Formula 1 esta cada vez mais apertado e se focarmos só lá podemos ter ainda muitas decepções neste caminho. 

Postagens mais visitadas deste blog

Quanto Custa? Parte 1: Formula 1600, Formula Inter e Formula 3.

Qualquer piloto que ingresse no Kart, com raras exceções, tem como objetivo uma carreira no automobilismo, num primeiro momento não há piloto jovem ou pai de piloto que não tenha se imaginado, ou imaginado o filho, chegando a Formula 1. Lamento dizer, mas este sonho se torna cada vez mais difícil de alcançar e por muitos motivos. Um deles é a falta de planejamento e de alternativas que devem ser pensadas já no inicio da carreira no Kart.  Pais, managers e treinadores devem ter em mente e passar isso ao piloto, que embora o sonho seja a Formula 1, existem outras categorias espalhadas pelo mundo onde se pode ser profissional e viver de automobilismo, e mesmo seguindo com o sonho de chegar ao topo, existem etapas que devem ser respeitadas ainda dentro do automobilismo nacional a fim de ganhar experiência e progredir de maneira que cada degrau seja vencido rumo ao objetivo traçado. Nesta primeira parte, vamos mostrar algumas alternativas para quem pretende seguir carreira no aut...

Formula Truck vs Copa Truck, briga no escuro.

O que é mais importante, anunciar ou executar primeiro? Opinião Regii Silva: Quem diria que 8 anos depois eu voltaria a citar a Formula Truck e a Copa Truck num mesmo texto, e desta vez, “defendendo” a primeira. Direto ao ponto: Há quase um mês atrás, no dia 18 de maio, durante a etapa da Formula Truck realizada em Cascavel, em meio a um suspense digno dos programas do João Cleber, o responsável pela organização da categoria, Gilberto Hidalgo, anunciou aquela que seria a “primeira” corrida noturna de Caminhões no Brasil, com data marcada para 25 de julho deste ano. O anuncio chamou muito a atenção da comunidade do automobilismo, principalmente pela praça escolhida, o Autódromo de Interlagos. Data marcada, local escolhido para, repito, a “primeira” corrida noturna de caminhões da história do automobilismo brasileiro. Certo? Errado. Eis que ontem dia 15 de junho, durante a transmissão da etapa de Tarumã da Copa Truck veio o comunicado, sem pompa, sem suspense, de que a próxima etap...

Formula 1: Quanto cada piloto recebeu por ponto conquistado em 2017

Prestes a iniciar a temporada 2018, com todos os assentos já ocupados, contratos milionários já assinados, é hora de vermos se em 2017 valeram a pena estas contratações. O melhor retorno que um piloto pode dar aos salários que recebem, com exceção do título, que fica apenas com um deles, são os pontos conquistados, para algumas equipes um único ponto pode significar milhões de euros. Sendo assim, vamos analisar de forma simples, que custou caro, e quem foi uma verdadeira pechincha para suas Equipes. Começando pelo piloto mais “caro” do ano e talvez da história da Formula 1, pelo menos nos anos recentes, é ele, Fernando Alonso, sim, um dos melhores pilotos em atividade porem numa infeliz McLaren equipada com motor Honda. Alonso recebeu em 2017 nada menos que €1.100.000,00 (Euros) por cada ponto conquistado no campeonato, uma vez que marcou apenas  17 pontos e recebeu um salário anual de €18.700.000,00. Com um salário exatamente igual ao do Espanhol, o Inglês Lewis H...