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Arthur Zanetti: Ele é só mais um.


O depoimento do ginasta medalha de ouro em Londres ao Esporte Espetacular no ultimo domingo, onde diz que por falta de apoio, já pensa em se naturalizar em outro país que lhe garanta um mínimo de estrutura para treinar serve não apenas de alerta, mas também para refletirmos sobre alguns pontos. Primeiramente, patrocínio no nosso país não existe mais já faz alguns anos, exceto é claro para os Clubes de Futebol, mas isto ao contrario de muita coisa que ouço falar por aí, não é uma critica ao futebol, bem pelo contrario. 
Todo esporte que se pense em praticar profissionalmente no Brasil passa por essa carência de incentivo, atletismo, pugilismo, handebol, judô e tantas outras incontáveis modalidades que só ganham um pouco de visibilidade apenas em jogos olímpicos e isto significa de quatro em quatro anos, da até pra entender a falta de incentivo por meio de patrocínio privado, o que é difícil de engolir é a falta de recursos vindo de governos tanto Federal, Estadual e Municipal, até porque, ao contrario por exemplo de outros esportes como o nosso automobilismo, os praticantes de modalidades olímpicas ganham o status de representantes do país.
Ouvi muita bobagem a esse respeito, pessoas falando que com o salário do Neymar daria pra bancar todos os ginastas do Brasil, outros disseram que o Zanetti realmente deveria deixar o país e se naturalizar em outro, enfim, muita bobagem mesmo.
Com base no Automobilismo que é o que conheço chego a seguinte conclusão, já faz muito tempo que na grande maioria dos pilotos que conheço, ricos ou pobres, tiram dinheiro do bolso para praticar seu esporte. Os “bem nascidos” ainda conseguem algum incentivo de empresas de amigos, quase sempre uma espécie de lavagem de dinheiro, nada relacionado ao talento, empresas de família que apoiam os “pilotos da família”. Tenho um amigo que o ultimo patrocínio que recebeu foi de uma empresa de medicamentos, e em remédios, isto mesmo, uma tonelada de medicamentos que teriam de ser vendidos para virar dinheiro e com o dinheiro bancar o campeonato de 2010, pra encurtar a historia este amigo esta com um barracão cheio de medicamentos vencidos e terá de pagar uma fortuna para incinerar estes medicamentos.
As instituições estatais que teriam por obrigação apoiar atletas em inicio de carreira, atletas olímpicos, campeonatos amadores de atletismo, kart, basquete e outros, preferem apostar em grandes eventos consagrados como Stock Car e grandes times de Futebol. Este é o caso da Caixa Econômica Federal que no ultimo ano abriu um programa de incentivo a todo time de Futebol que quisesse participar, tais clubes receberiam o patrocínio da Caixa desde que estivessem em dia com as obrigações tributarias. A Petrobrás apoia alguns atletas consagrados assim como o banco do Brasil também o faz.
Tudo isto significa o seguinte, ao caro Arthur Zanetti e os centena de milhares de atletas que não tiveram a oportunidade de nascer bem, nem ter amigos poderosos e muito menos padrinhos no poder publico, vocês estão no Brasil amigos, e aqui é assim que sempre foi e sempre será, aqui não temos incentivo para a educação, não temos segurança. Aqui pagamos os impostos mais caros do mundo e se quisermos saúde, temos de pagar um bom plano, se quisermos educação temos de pagar um bom colégio, se quisermos segurança temos de blindar o carro e contratar um segurança particular. Lamento informar ao Zanetti mas as condições sub-humanas que ele enfrenta para treinar é menos sub-humana que as casas nas encostas dos morros que a cada inicio de ano fazem centenas de vitimas e são esquecidas até o próximo janeiro. Nada muda, nada muda se nós não mudarmos e se mudar do país não é a solução, a solução é dar voz a si mesmo e isto já foi feito.
O que eu gostaria que cada atleta olímpico brasileiro em 2014 cruzassem os braços, mas isto eles não farão, ser atleta ainda é melhor que trabalhar numa obra ou num escritório não é? O que eu gostaria era que patrocinadores apoiassem quem tem talento, seja qual for o esporte. O que eu gostaria era que 1% de tudo que eu pago em imposto fosse destinado a programas de incentivo ao esporte, de preferência o meu.
O que eu gostaria era de não ter de escrever estas coisas, nem ser tão critico em meus comentários, mas não consigo ser indiferente seja qual for o assunto, as vezes é melhor ser rotulado como o chato, o negativo, o encrenqueiro do que ver comentários politicamente corretos, nacionalista do tipo #ficazanetti, escolher uma profissão, seja ela qual for, é assumir os riscos, péssimas condições de trabalho existem em qualquer lugar, nas pequenas e nas grandes instituições, se deixar o país, a família em troca de instalações de primeiro mundo é o melhor a fazer então faça, se não for fique, e acima de tudo faça o que te faz feliz, estando feliz as dificuldades desaparecem.                       

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